20 de set. de 2017

Quem vota nulo não tem o direito de reclamar?



    Mais uma vez, faço questão de escrever sobre o cenário político que vem sendo montado para as eleições presidenciais de 2018: Lula, em primeiro, e Bolsonaro, em segundo. Não vou me atentar aos detalhes dos números, porque até mesmo a inversão das respectivas colocações não aliviariam em nada o cenário absolutamente "trash" que está se desenhando. E para um país que agoniza, visualizar tais números é decepcionante, (para não dizer desesperador).

  De um lado, um político que consegue se manter na dianteira das pesquisas ainda que se saiba que seu partido institucionalizou a corrupção, arrombou com as contas públicas e que, nos últimos anos, viabilizou um projeto de poder agindo às margens da legalidade. Do outro, nada mais do que um falastrão, que ganha força mais pelo descrédito generalizado do que pelos seus próprios méritos. Sugiro ao leitor que me diga algo que Bolsonaro tenha feito de relevante ao país em seus seis mandatos enquanto deputado federal. Olha, mas é preciso ter relevância, consistência, e não vale falácia, verborragia, porque isso não me convence. Ah, e se me argumentarem que ele é o candidato "defensor da família", perdoem-me: se você deposita em um político a outorga de defender sua família, então, você precisa repensar o seu papel de defensor da tua própria família!". 

    E é neste cenário nada promissor que resolvi reconsiderar sobre o voto nulo. Em outras épocas, eu seria um crítico ferrenho à prática, mas o tempo nos molda e faz reavaliar posturas: eu tenho mesmo que escolher entre um corrupto profissional de carteirinha e um demente idiota amador? Não, não dá para compactuar com nenhuma das possibilidades. Prefiro acreditar que algum nome de mínima razoabilidade e viabilidade emerja do fundo das pesquisas e surpreenda esta aberração de cenário futuro. Caso contrário, vejo-me na obrigação de adotar, ineditamente, a prática do voto nulo. Isso exclui minha possibilidade de criticar e reclamar? É claro que não. O voto nulo também é uma expressão democrática, legítima a qualquer cidadão.

* O Eldoradense

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