Charge do Charlie Hebdo: Sátira à visita do Papa ao Rio, em que Francisco aparece travestido de carnavalesco no intuito de arrebanhar "clientes"
Há limites para o humor? Eu penso que sim!
O atentado ocorrido na sede do jornal francês "Charlie Hebdo" reacendeu novamente a velha discussão sobre os limites do humor. Há quem tenha aderido totalmente à frase "Je suis Charlie", e como democrata que sou, respeito os que pensam assim. Mas também penso que é preciso repensar algumas atitudes inconsequentes que acontecem em nome da tal "liberdade de expressão". Para ser sincero, só fui tomar conhecimento da existência do "Charlie Hebdo" após o lamentável episódio extremista, e por isso, procurei ler mais sobre o assunto para emitir alguma opinião.
Em primeiro lugar, deixo claro que sou contrário à qualquer tipo de execução, até mesmo à pena de morte praticada contra os criminosos mais nocivos à sociedade. Penso que ninguém tem o direito de assassinar ninguém, salvo o argumento de legítima defesa. Portanto, o objetivo deste texto não é defender terroristas, mas sim, questionar os limites do humor.
Que os caras do "Charlie Hebdo" pareciam ser geniais em suas charges, isto é indiscutível. Islamofóbicos? Creio que não, pois entendo que em seus trabalhos eles questionavam o fundamentalismo, o fanatismo e o extremismo. Porém, apesar de toda e qualquer crítica ao fanatismo ser legítima, não dá para desprezar que alguns fanatismos são perigosos, e é preciso equilíbrio ao lidar com os mesmos, sob pena da caneta ou do teclado serem contra-atacados com uma arma de grosso calibre.
Em uma sociedade democrática, alguém ofendido por uma charge, fala ou texto recorre aos meios jurídicos, pleiteando uma indenização. Porém, os terroristas geralmente são vindos de culturas ditatoriais, que não medem esforços para defender o seu extremismo. E é aí que mora o perigo: os chargistas assumiram risco de perder a vida em nome do humor. Há quem diga que isso seja heroísmo, eu penso que seja inconsequência. É preciso saber que existem diferentes tipos de públicos, e que, enquanto alguns se ofendem torcendo o nariz ou simplesmente criticando, existem os que, infelizmente, matam.
Se o sujeito faz uma sátira ao cristianismo no Brasil, dificilmente ele corre risco de morrer, porque o fanático cristão brasileiro não mata em nome da religião. Ele apenas discute ou se ofende, mas matar, não. Se o meu clube de futebol vence um clássico contra o seu arquirrival, eu posso até caçoar de um amigo que eu conheça, mas isso não quer dizer que eu vá tripudiar na arquibancada de um estádio em frente à Torcida Organizada adversária, por exemplo. Isso seria estupidez, que colocaria em risco a minha integridade física. Covardia? Não vejo desta forma, prefiro chamar de sensatez.
Quanto aos limites do humor, apesar de muitos humoristas defenderem a tese de que eles não existem, eu discordo. Há limites sim! É preciso avaliar o que se escreve, diz ou até mesmo desenhe. Há uma série de assuntos delicados, principalmente os relacionados às etnias e religiões, e é preciso bom senso ao abordá-los, pois corre-se o risco da má interpretação e até mesmo de se assumir um rótulo racista ou também intolerante. Em um mundo ideal, os humoristas do Charlie Hebdo poderiam ser processados por um grupo ou questionado por outros. Mas o nosso mundo está longe de ser ideal, e dentro da sua cruel realidade, existem os fundamentalistas. A charge postada sobre o texto é também de autoria do Charlie Hebdo, e satirizou a vinda do Papa ao Rio, numa suposta busca de arrebanhar mais fiéis para o catolicismo. A considerei inteligente, humorada e não entendo que seja ofensiva. Porém, há uma outra em que Deus, Cristo e o Espírito Santo aparecem numa orgia, e nesta, eu percebi exagero tolo e barato. Mataria por isso? Claro que não, apenas não achei graça. Portanto, eu repito e defendo a tese de que para tudo há limites, inclusive para o humor.
* O Eldoradense
|
Para tudo tem um limite, um equilíbrio e é isso que a humanidade ainda não entendeu... a liberdade que eles tanto pregam já passou dos limites, não exite mais bom senso... e no universo é assim: para cada ação, uma reação... infelizmente ainda vamos ver muito destes massacres... abraços!
ResponderExcluir