É sempre o mesmo menino,
Que por aqui anda;
Faminto, franzino,
Rondando a quitanda...
Na segunda, descalço,
Agiu na surdina;
Um minuto em falso,
Surrupiou a tangerina!
Na terça, descamisado,
Deu outro balão;
Quando olhei pro lado,
Lá se foi um melão!
Na quarta, mal vestido,
Molhado pelas chuvas;
Eu estava distraído...
Dei falta das uvas!
Na quinta, assustado,
Como quem se denuncia;
Saiu apressado,
Carregando a melancia!
Em nome da lei,
Na sexta, isso acaba...
Mas quando vacilei;
Roubou uma goiaba!
Chamei o guarda,
Num sábado de labuta;
Eis que o mesmo aguarda...
O famoso furta fruta!
Apareceu feito corisco,
Desistiu, com malícia;
Percebeu, arisco...
A presença da polícia!
Chorou inconformado,
Lágrimas de quem não come;
Confessou-me seu pecado...
O pranto da fome!
Foi-se embora o furta fruta,
Com uma cesta colorida;
Tinha alegria absoluta,
E a fome interrompida!
Pois o furta fruta,
Rouba banana prata;
E o verdadeiro filho da puta...
Usa terno e gravata!
O Eldoradense
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