Faltam pouco mais de três meses para que os Estados Unidos elejam seu próximo presidente da República. Num cenário provavelmente tão polarizado quanto o brasileiro, reviravoltas recentes aconteceram, tornando o pleito ainda mais imprevisível que o de costume. Há pouco mais de uma semana, um jovem atirador resolveu ferir não só a orelha de Donald Trump, quanto também a democracia, num gesto inadmissível, ainda que atentados contra figuras políticas infelizmente tenham ganho espaço recentemente. Porém, é inevitável admitir que o ocorrido pudera angariar capital político ao ex-presidente, que já havia, diga-se de passagem, vencido claramente o primeiro debate diante de um cambaleante e frágil Joe Biden.
Após o debate, as pressões para que Biden renunciasse a intenção de reeleição aumentaram, mas ele parecia irredutível no seu intuito. Porém, é fato que se o atual presidente fizesse uma sincera autocrítica, chegaria à conclusão que, em nome da competitividade do Partido Democrata, deveria jogar a toalha. E assim o fez, quase que imediatamente ao tiro que possivelmente fortaleceu Trump.
Antes disso, Biden tinha realizado um gesto tão nobre quanto: Telefonou para o adversário vítima do atentado, e ambos tiveram uma conversa agradável, segundo palavras do próprio Trump. Assim deve ser a democracia, diga-se de passagem.
A provável candidata do Partido Democrata apta a substituir Biden, é, quase que obviamente, a vice-presidente Kamala Harris. A maior parte das pesquisas recentes apontam que ela, neste momento da corrida, está mais propensa a ser derrotada por Trump do que o próprio Biden, ainda que a diferença percentual não seja expressiva. Há institutos que cravam Kamala ligeiramente a frente, mas são minoria.
Todavia, é fato que alguns elementos precisam ser levados em consideração: Kamala pode oxigenar a candidatura democrata, até então cabisbaixa, desconfiada e desmotivada em relação a Joe Biden. Tanto é que as doações dos filiados do partido sofreram um "boom" após a desistência oficial da candidatura do atual presidente. Outra variável é: "Quem será o vice na chapa?" A Informação é que os democratas farão uma sondagem estado a estado, e, conforme os resultados, farão o anúncio do nome. Arrisco a dizer que se por um acaso fosse de interesse de Michelle Obama, o jogo viraria imediatamente, levando-se em conta que ela está consideravelmente a frente de Trump nas pesquisas. Outro fator a ser considerado é que o trunfo do dircurso da etariedade muda de lado, pois o candidato republicano tem, neste exato momento, 78 anos.
A eleição americana é complexa, pois não basta o candidato ter a maioria simples e absoluta dos votos para vencê-la. É preciso angariar um maior número de delegados, correspondentes às vitórias em cada uma das províncias que compõem a federação estadunidense. Em 2016, por exemplo, Trump venceu Hilary com aproximadamente 3 milhões de votos a menos, algo impensável para o nosso modelo eleitoral. Mas enfim, são as regras deles, e regras podem até serem questionadas e aperfeiçoadas, mas nunca violadas.
Trump é favorito? É, sem dúvida alguma. Invencível? Não. A "bala de prata" pode ter sido disparada, e certamente, não foi por um jovem atirador inconsequente sobre o telhado...
* O Eldoradense
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