E na região nordeste de América do Sul, um território pouco conhecido por todos nós vem ganhando protagonismo no noticiário: A Guiana Essequiba, situada a oeste do rio Essequibo, pretencente a Guiana, está sendo alvo de cobiça por parte do governo venezuelano de Nicolás Maduro. Num gesto típico dos autocratas que procuram desviar o foco diante das mazelas causadas pela própria incompetência, o presidente venezuelano contesta uma área de 75% do país vizinho, convocando a população para um referendo que acontece hoje, sem qualquer validade jurídica para as Cortes Internacionais.
A região é alvo de litígio entre ambos os países há mais de um século, porém, após a proclamação da Independência da Guiana ante os ingleses - antigos colonizadores - em 1966, a reivindicação venezuelana tornou-se um pouco mais contundente, porém, sem ameaças de anexações forçadas.
Mas Nicolás Maduro, que volta e meia apronta uma presepada diplomática internacional com intuito de tirar o foco da miséria que assola o seu país, resolveu que hoje acontece o referendo, e que, se a vontade do povo venezuelano assim determinar, as tropas do seu país avançarão sobre o território da Guiana. Vale dizer que a cobiça não ocorre à toa: A Guiana Essequiba tem uma enorme mina de ouro, e uma quantidade de petróleo que poderá fazer da Guiana um dos principais produtores do combustível fóssil em nosso continente. Diga-se de passagem, o minério fará com que o PIB nacional cresça 29% neste ano, segundo projeções do Banco Mundial, e 38%, do FMI.
A Guiana tem um poderio militar muito menor que o da Venezuela, porém, as relações do país com Reino Unido e Estados Unidos sempre foram estreitas, sendo que os norte-americanos já enviaram preventivamente suas tropas para o território Essequibo, no intuito de coibir a megalomania do governante vizinho.
Lembremos que governos autocráticos - sejam de direita ou de esquerda - adotam a tática de afloramento do nacionalismo através de conflitos bélicos com o intuito de escamotear suas incompetências. Em 1982, o então capenga militarismo argentino reivindicou uma pequena Ilha chamada por eles de Malvinas, denominada pelos ingleses de Falkland. Os portenhos tomaram ilha, e dois meses depois, a Inglaterra retomou o território, após uma guerra que culminou na morte de pouco mais de seiscentos soldados argentinos e outros duzentos e cinquenta ingleses, aproximadamente.
Tudo o que a sofrida Venezuela precisa agora, é de um conflito internacional, que pelo visto, é improvável que aconteça. E, levando-se em conta a possibilidade da ocorrência do mesmo, obviamente, perderá. O contexto certamente levaria o país para um quadro que extrapola a derrota militar: Acarretará em isolamento e sanções econômicas, certamente. Na tríplice fronteira entre Venezuela/Guiana/Brasil, militares de nosso país reforçam a segurança na cidade de Pacaraima, com o intuito de prevenir que o improvável conflito adentre, ainda que minimamente, o território brasileiro.
Há dois dias, o tribunal de Haia, na Holanda, decidiu que a Venezuela não poderá ocupar o rico território da Guiana. Resta saber se o megalomaníaco Nicolás Maduro irá acatar a decisão. Se tiver um pouco de juízo, deixa isso pra lá...
* O Eldoradense
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