E ontem encerrou-se mais um episódio da emocionante e glamourosa história das Copas do Mundo de futebol. Muitos dizem que é o maior espetáculo da Terra, e sinceramente, não tenho motivos para discordar. A quantidade de espectadores diante do evento é gigantesca, a mobilização dos torcedores, a alegria das vitórias, o choro nas derrotas formam todo um contexto incrivelmente emocionante que reforça a tese.
Argentina e França foram os qualificados para fazer o último embate. Ambos chegaram ao epílogo carregando uma derrota na primeira fase, mas é fato que ambos os selecionados também demonstraram uma enorme capacidade de recuperação e mesmo antes do confronto, a expectativa era de uma final épica.
Porém, admito: Por mais que eu imaginasse que a final seria uma grande partida, era difícil prever algo tão dramático, tão intenso, tão perfeito levando-se em consideração a qualidade do jogo, a entrega, a beleza do espetáculo.
Jogadores realizando o melhor de si, tanto do ponto de vista técnico quanto tático. Os regentes das duas seleções não foram meros espectadores dos seus comandados: Tiveram leitura pré jogo e durante a partida, variando as possibilidades de alternância de placar. O técnico Argentino foi melhor na escalação inicial, o francês, sem dúvidas, foi mais eficaz nas alterações que recolocaram os "Le blues" num jogo que até os 78 minutos - também conhecidos como 33 do segundo tempo - parecia perdido.
Messi e Mbappé justificaram seus respectivos protagonismos. "Representaram", usando uma linguagem mais popular. A prorrogação foi tão intensa quanto a etapa regular de jogo, com mais um gol para cada lado. A França, naquela que talvez fosse a bola do título, perdeu a chance de fazer 4x3 numa defesa heróica do goleiro portenho.
Nos pênaltis, deu Argentina. Há quem diga que pênalti é loteria, mas ao meu ver, isso rechaça toda a competência, técnica e equilíbrio emocional dos cobradores e goleiros. E neste pequeno detalhe, los hermanos foram superiores. Uma vitória ocorrida dentro da margem de erro de duas conversões a mais para Messi e seus companheiros. O título por uma questão de destino, parecia mesmo ser Argentino, com todas as características deste povo: Buscado no âmago, visceral, dramático, intenso, como um bom tango de Gardel. Mas é fato que se se a taça fosse novamente para Paris, também não seria injusto, tamanho o equilíbrio ocorrido dentro do campo.
Provavelmente, encerrou-se o ciclo "Messiânico" nas Copas, com justiça e chave de ouro. Mas ficou claro que há uma transição animadora: Mbappé tem juventude e futebol de gente grande, prometendo encher os olhos não só dos franceses, mas também como de todos os amantes do maior espetáculo da Terra. Aos deuses do futebol, muito obrigado por ontem, mesmo com a seleção brasileira ausente do fim da festa. Afinal, todo deus tem que ser justo:Mesmo aqueles escritos com letra minúscula para assuntos menos sérios...
* O Eldoradense
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