12 de mai. de 2022

Crônica: "Inesquecíveis lições maternas"

 




  Esta crônica era para ter sido escrita antes do Dia das mães e publicada na referida data, no último domingo. Porém, a protagonista do texto estava enferma, com dengue, e não havia clima para tal. Refiro-me à minha mãe, mas logicamente a crônica serve também para homenagear a todas as mães dos leitores deste blog. Mas antes de fazer a homenagem, vai aí a ressalva: Como a reverência escrita é destinada às mulheres que tiveram a dádiva da maternidade, recorro à licença poética e substituo o termo patriarcal "homenagem" por "mulheragem". Fica melhor e mais justo.

   Dito isso, é fato que todo filho guarda consigo inúmeras lições maternas, ministradas com muito amor, carinho, afeto e cuidado. São os conselhos, as informações, as dicas, enfim, lições de inúmeras naturezas.

     Quanto à dona Irene, mãe deste que vos escreve, guardo duas lições especiais: A primeira, de natureza bastante prática e objetiva, e a segunda, com um fundo mais poético.

    De natureza bastante prática, a primeira lição refere-se ao aprendizado da leitura e da escrita. Sim, contrariando a lógica da alfabetização do ensino formal, eu aprendi a ler e escrever com a minha mãe, utilizando lápis e papel de pão. Os tais papéis serviam para embrulhar os pães que antigamente tinham um formato diferente dos atuais pães franceses, e eram chamados popularmente de "bengala". Pois é, foi com aquela jovem mulher que não possuía qualquer noção técnica e teórica de pedagogia ou didática que eu comecei a juntar as primeiras letras e adquirir o gosto pela escrita e pela leitura. A didática, neste caso, era instintiva, movida pura e simplesmente pelo amor e paciência. Cheguei ao que hoje é o Ensino Fundamental sem passar pela pré-escola com o bônus adquirido da alfabetização, coisa rara para a época. E se hoje escrevo regularmente e sou um leitor assíduo, devo, com certeza, tais hábitos à dona Irene. Grato por isso até o fim dos meus dias, pois curiosidade e conhecimento são sempre bem vindos. 

   A segunda lição, como eu disse, tem um cunho poético...

   Era um dia em que precisávamos ir para Presidente Prudente, e salvo engano, seria para que eu fosse me consultar com um pediatra. A ocasião requeria que acordássemos cedo , algo que até então, eu não me lembrava ter feito. Minha mãe acendeu a luz do quarto, me acordou, e acho que para que eu despertasse de forma mais tranquila, abriu a janela e me apresentou aquilo que todos nós chamamos de "madrugada". Sinceramente, eu nunca havia visto algo tão bonito. O dia sutilmente rompendo a escuridão da noite, aquela transição luminosa entre o azul marinho noturno e os tons avermelhados da alvorada. De quebra, ela ainda me apontou uma estrela, a mais bonita e cintilante de todas: A estrela D'alva...

    Esta última lição é tão marcante quanto a anterior. Até hoje, sempre quando vejo a "Estrela D'alva", lembro-me daquela manhã. E o hábito da pesquisa e da leitura, posteriormente fez com que eu descobrisse que o corpo celeste em questão, é na verdade, um planeta, cientificamente conhecido por Vênus, em "mulheragem" à Deusa romana do amor... 

  Abraços a todas às mães! E você, amigo leitor... Que lições inesquecíveis recebidas de sua mãe você guarda na memória e no coração?  


* O Eldoradense

Um comentário:

  1. Anônimo22:48

    As mães tem jeitos peculiares de nos passar conhecimento e sabedoria... Pena que a minha já está em outro plano astral.

    ResponderExcluir

Comentário: "Conheci, por acaso, O Observador!"

      "O acaso é, talvez, o pseudônimo que Deus usa quando não quer assinar suas obras.      Inicio este texto com a frase do pensador ...