15 de out. de 2023

Comentário: "Mais uma guerra"...

 


  O mundo contemporâneo se depara com mais uma guerra, infelizmente. Enquanto os conflitos entre Ucrânia e Rússia perduram por quase dois anos, eclodiu, mais uma vez, um sangrento combate entre judeus e palestinos onde se encontra geograficamente o Estado de Israel. O Oriente Médio, berço das três maiores religiões monoteístas do mundo, era para ser um lugar sagrado, de fato, onde reinasse a paz e a tolerância, tanto sob o ponto de vista étnico, quando religioso. Tanto o Judaísmo, o Cristianismo quanto o Islamismo, tem, na sua origem, segundo relatos, a descendência de Abraão. Mas este fator em comum não une as três religiões, pelo contrário, as separam.

   Em nosso país, vejo muita gente tomando partido por um lado específico do conflito, motivados pela ascendência judia de Jesus Cristo, bem como pelas covardes intervenções dos grupos terroristas árabes. Lembro que naquela região os Cristãos são minoria, e sofrem perseguições de ambos os lados: dos extremistas islâmicos, bem como dos judeus ortodoxos. Porém, pouca gente parece ter conhecimento da segunda informação. Todavia,  basta uma pesquisa mínima para ver que o Estado judeu, sob o governo de Benjamin Netanyahu pouco tem feito a respeito, beirando a total omissão. Quanto ao contra-ataque, o mesmo é obviamente inevitável, porém, muitos inocentes muçulmanos também estão perdendo suas vidas de forma desumana e covarde.

   Lembremos que o atual Estado de Israel surgiu em meio à grande influência britânica na região em meados do século passado, e, com a chancela da ONU, fatiou-se a Palestina em duas partes distintas, o que gerou imensa insatisfação dos países árabes. Israel, tornou-se, portanto, uma ilha judia em meio a inúmeras nações muçulmanas. Os conflitos são uma constante ao longo destas quase oito décadas, e a reivindicação de um Estado oficial palestino é legítima, porém, é claro, contesta-se os métodos bárbaros, covardes e sanguinários dos terroristas muçulmanos.

     Acho superficial tomar partido de um dos lados. O cenário geográfico-histórico dos conflitos é complexo demais para uma conclusão, e penso que a postura mais correta é clamar fervorosamente pelo cessar fogo e redução de danos, já que pedir a instauração da paz, parece ser Utopia.

     China e Rússia adotam o discurso pró criação do Estado Palestino, e o Irã, por mais que negue, está por trás dos ataques terroristas. Os Estados Unidos e as principais forças ocidentais são aliados históricos dos Israelenses. Mediante divergências entre grandes ideológicas entre grandes potências econômicas e bélicas, acho sensato temer os desdobramentos do conflito e não alimentar um ódio milenar, que tantas pessoas já fez sofrer. Peçamos a interrupção do embate, exatamente para que esta guerra pontual não se espalhe pelo globo e nos atinja de forma mais direta.  É o que penso.


* O Eldoradense

4 de out. de 2023

Conto: "Aconteceu anteontem"

 "A minha casa está onde está o meu coração... Ele muda, a minha casa, não! Porque sou apenas movimento, sou do mundo, sou do vento, nômade..."

Trecho da música "Nômade", do Skank...



  Amigo leitor: Ainda que eu tenha classificado este texto como um "conto", entenda-o como um relato fidedigno de um "causo" que eu mesmo presenciei. Aconteceu anteontem, durante o pedal matinal que faço em dias de folga. Algo que pode ser considerado inusitado e que pode remeter os que têm mais sensibilidade a uma reflexão mínima sobre os diferentes conceitos de necessidades materiais, liberdade e conforto.

     Vigésimo quilômetro de treino, o sol venceslauense dando o ar da graça, perto das nove da manhã, num final subida. No sentido contrário ao meu, adentrando a ciclovia, um homem, também de bicicleta, acena, num gesto claro de pedido de favor. Quando cheguei perto dele, o mesmo diz:

   Por favor, me desculpe atrapalhar seu pedal. Preciso que o senhor me diga onde fica a bicicletaria mais próxima. Preciso comprar remendos para os pneus...

    Antes de que eu desse a informação, foi inevitável a observação: A bicicleta precária, o homem com ar sofrido, desdentado,  cabelos desegrenhados, vestes extremamente simples. Sobre a garupa da bicicleta, uma caixa de papelão na vertical, e dentro dela, um pote de margarina contendo ração, e ao lado do mesmo, um simpático cachorro caramelo "sem raça definida", aparentando ser muito bem tratado pelo seu dono. Atrás da garupa, um saco enorme de latinhas de bebidas e uma bandeira surrrada do Brasil, geralmente usada por quem faz cicloturismo.

       Expliquei o caminho para a bicicletaria mais próxima, no centro da cidade. O homem agradeceu com a educação superior a de muitos homens bem vestidos que já conheci. A humildade contida na sua fala beirava a subserviência, porém, a distância do pedal que ele disse ter percorrido, demonstrava uma força interior descomunal: O personagem em questão vinha de Pernambuco, emendando uma segunda pergunta:

    Compensa entrar aqui, ou seguir adiante, para a cidade mais próxima, sentido Mato Grosso do Sul?

     Respondi que compensava entrar em Presidente Venceslau, e em resposta, recebi novo agradecimento e uma benção. Segui adiante mais cinco quilômetros, pensando naquela figura e fazendo questionamentos íntimos: Qual o destino final? Qual a história de vida? Seria mais um retirante nordestino à procura de boa sorte? Aventureiro? Turista? Encontraria a "bicicletaria do João" para comprar os tais remendos?

        Com as indagações na cabeça, resolvi que retornaria ao centro para saber ao menos se ele obteve êxito em achar a bicicletaria. A vontade era de pegar o aparelho celular, bater um papo, perguntar um monte de coisas e publicar na rede social. Porém, a timidez e a sensação de invadir a privacidade alheia como recompensa por uma mera informação freou tais intenções.

       Ao chegar perto do posto de saúde, lá estava o sujeito, conversando animadamente com uma outra pessoa, e eu perguntei se havia dado certo a compra dos remendos para os pneus. Ele respondeu alegre que havia ganho vinte remendos do João, que certamente se sensibilizou com as circunstâncias da viagem daquele homem. Agradeceu mais uma vez e me desejou "bom pedal", num educado e posterior "vai com Deus".

      Terminei o treino e me arrependi por não ter sequer tentado esclarecer minhas indagações. Sabe-se lá qual a história de vida daquele homem, se procurava remendos apenas para os pneus da bicicleta, ou também para a alma. Há também a possibilidade de que seu sofrimento seja apenas aparente, e que ele seja um cara muito feliz com seu fiel escudeiro canino, liberdade e desprendimento. De todas as dúvidas, uma única certeza: A de que ele saiu com uma boa impressão de Presidente Venceslau, através das singelas colaborações para que seguisse seu destino...

* O Eldoradense

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...