Trump resolveu tarifar o mundo todo: Desde ilhas austrais povoadas por pinguins até as também gélidas terras nórdicas, onde a aurora boreal se faz presente e Thor martela o martelão. Mas no que diz respeito ao peso das alíquotas tarifárias, tudo o que o presidente norte americano fez até agora foi avançar e recuar, bater e assoprar. Ou seja: Trump está com o cerol nas mãos, mas talvez ainda não tenha batido o martelo, tamanha metamorfose ambulante contida em suas decisões.
Especulações para forçar as negociações? Indecisão? A verdade é que nem os financiadores de campanha de Trump estão aprovando as idas e vindas do "tarifaço" anunciado pelo bilionário, haja vista a declaração de Elon Musk - outro magnata - a respeito de Peter Navarro, o "mentor intelectual" do pacote tarifário global: Imbecil, segundo o fabricante de carros elétricos e foguetes.
Em um mundo globalizado onde a cadeia produtiva ultrapassa fronteiras sem auxílio dos coiotes, as tarifas exercem papel semelhante ao dos muros, às barreiras, podendo gerar um processo inflacionário sem precedentes no comércio mundial. Seria interessante?
No momento em que escrevo este texto Trump recuou sobre as alíquotas tarifárias do mundo todo para 10%, com exceção ao dragão chinês. Para estes, foram mantidos os três dígitos percentuais. Para quem esperava uma lista tarifária seguindo critérios de alinhamento político ideológico, eis a prova de que, quando o assunto é comércio e grana, pouco importa quem é destro ou canhoto: Desde o início, a Argentina de Milei e o Brasil de Lula foram taxados de forma dizimista: 10% para portenhos e brazucas, mantidos até o momento. Se ficou ruim pra gente, que opera a balança comercial em déficit com os norte-americanos, em terras hermanas a coisa parece ter azedado ainda mais: Milei esperava encontrar-se com Trump, que lhe virou as costas, e a bolsa platina fechou em queda de 11%.
As perspectivas de recessão econômica norte americana eram uma realidade bem provável diante do quadro tarifário inicial arquitetado por Trump. Diante do recuo, as chances de recessão da economia ianque diminuíram, mas ainda existem, segundo analistas econômicos, haja vista que muitos países poderão adotar políticas alfandegárias de reciprocidade.
Os índices de reprovação de Trump já superam os de aprovação em menos de meio semestre de mandato, e ele já sinalizou almejar passar por cima da Constituição Federal, tentando um terceiro quadriênio na Casa Branca. Do jeito que está, mantido o cenário atual e confuso, provavelmente não faça nem sucessor. Mas é claro, este é um prognóstico provisório e momentâneo, baseado no caótico quadro econômico atual...
* O Eldoradense