31 de out. de 2024

Conto: "Ado, o Saci!"

        



         Obs: Este é um conto fictício de conteúdo adulto em alusão ao "dia do Saci". Seu roteiro envolve violência explícita, portanto, não é adequado para a leitura de crianças e adolescentes, embora muitas crianças e adolescentes deste país sofram com a violência na vida real.


    Ado nasceu na Favela do Mato Seco, naquela cidade que tem os braços abertos num cartão postal, com os punhos fechados pra vida real. Recebeu este nome porque o pai era fã de um dos goleiros da seleção brasileira na Copa de 70, no México. Desde os 10 anos, o menino mostrava habilidade para o futebol, porém, com os pés, não com as mãos, como o referido goleiro homenageado.

    Mesmo adolescente, tinha a altivez de um craque, e sem exagero, lembrava o rei Pelé, não só pelo biotipo, mas também pelos seus dribles desconcertantes e inúmeros gols. Na várzea carioca, todo mundo dizia que o menino superaria Zico, Dinamite e Garrincha. De fato, tinha tudo para ser um cracaço do Fluminense, time para o qual torcia.

      Mas, de fato, a cidade com os punhos fechados para a vida real cobraria seu preço: Ado passou a se tornar sensação e exemplo na comunidade, fazendo com que vários meninos deixassem de querer ser soldado do tráfico para almejarem o sonho da riqueza através do futebol.  Onde estava Ado, uma legião de meninos sonhadores também estava, lotando o campo da várzea da favela, renegando vícios e ficando cada vez mais longe da marginalidade. Ado ganhava seguidores e adeptos, e o tráfico, por sua vez, perdia mão de obra infanto juvenil, tão essencial para sua logística operacional.

     Num fim de tarde como tantos outros, Ado voltava para seu barraco quando foi abordado por dois sentinelas do crime. Levado até o chefe da boca, não teve tempo nem de se defender: Levou vários tiros na perna esquerda, a mais hábil, a que traria tantas alegrias para a torcida brasileira. 

      Socorrido demoradamente num hospital público, perdeu o membro inferior canhoto. Pensou em denunciar seus algozes, mas tinha medo de retaliações futuras. Ado agora não era mais chamado pelo nome: Por ser um jovem de corpo atlético, negro e com uma das pernas amputadas, foi "batizado" maldosamente pelos bandidos da comunidade por "Saci". O apelido doía na alma, feria a dignidade, mas ficou impregnado em sua persona.

    O campo de várzea já não tinha mais tantos jovens futebolistas. Virou mais um ponto de marginalidade, cujo esporte ficou renegado a um segundo, terceiro plano, talvez.

      Ado, o Saci, usou sua tragédia pessoal como motivação para não cair em depressão, mas prometeu vingança! Dois anos se passaram, a família não tinha condições de adquirir uma prótese, mas Ado adaptou-se, porém, fingindo estar conformado ao longo do tempo.

   Certa vez, numa roda de samba num botequim movimentado da comunidade, deparou-se com seu algoz. Usando uma boina vermelha e fumando um cachimbo, retirou um 38 da pochete e, sem titubear, mandou o traficante para o quinto dos infernos. Antes de qualquer reação, saiu pulando com sua única perna até uma viatura da polícia, que estava ali para averiguar a denúncia sobre um homicídio que aconteceria em breve naquele local.

 Ado se entregou e confessou ser o autor do disparo e também do telefonema anônimo.  Ado, o Saci, enfim estava saciado!

      De futuro craque do Fluminense, Ado foi para Bangu. Não o clube, mas sim, o presídio. Converteu-se, fez curso bíblico e tem um potencial invejável para pastorear ovelhas em Madureira. Não no clube, mas no bairro carioca...


* O Eldoradense


25 de out. de 2024

Vídeos curiosos: Propaganda pirata da Yamaha...

    Recentemente fiz alguns takes alternativos com o drone e resolvi compilar numa edição para uma espécie de "propaganda pirata" da Yamaha. Pilotagem simultânea da moto e da aeronave, com edição posterior e narração. Acho que as imagens valeram a pena. A narração, nem tanto, rsrs...


* O Eldoradense


7 de out. de 2024

Comentário: "Política À la Marçal"

 



   Tarcísio, sobre Marçal: "Um louco, filho das trevas". "Ladrão não mexe com polícia", disse Mello Araújo, do PL, vice na chapa de Ricardo Nunes, sobre o coach. "Marginal delinquente", foi dito por Eduardo Paes, reeleito prefeito do Rio de Janeiro no primeiro turno. Datena, antes de tudo isso, foi mais prático e objetivo, ainda que a agressão não se justifique: Mandou uma cadeirada no quengo do picareta.

   Transcritas as afirmações e atitudes acima, duas delas feitas por políticos de direita, tenho uma definição pessoal sobre o coach que atraiu tantos olhares e admiradores baseando-me em três personagens do grande Chico Anysio: Egocêntrico como o Alberto Roberto, charlatão religioso como o Tim Tones e mentiroso compulsivo como o Pantaleão.

     O marketing político era extremamente exagerado: Prometeu atropelar os adversários nas urnas, quando por fim, não chegou nem ao segundo turno. Ainda assim, a maior cidade das Américas quase que deu o passaporte qualitativo para que Marçal cogitasse a possibilidade de ser o próximo prefeito paulistano. Num pleito de pouquíssimas propostas e planos de governo, Marçal era o mais raso de todos: Em nenhum minuto foi propositivo, apenas promoveu discórdia e mentiras, interrompido de forma grotesca e brusca por José Luiz Datena. 

       Não se contentou: Continuou violando regras eleitorais como elas não existissem, criando perfis diversos nas redes sociais para que a propagação de suas infinitas mentiras viralizassem. Num gesto sabe-se lá movido por desespero o mau caratismo, exibiu um falso laudo médico atestando uso de cocaína por Guilherme Boulos. Segundo os próprios apoiadores, este seria o "grand finale" responsável por sua derrota. Sinceramente, não acho. Atribuo a terceira colocação a todos os outros eleitores que tiveram o mínimo de discernimento e detetizaram Marçal da disputa. 

      Nem mesmo o religioso Silas Malafaia tolerou o coach, que prometeu, numa igreja, fazer uma cadeirante voltar a andar. Enfim, um novo megalomaníaco egocêntrico sem rédeas, cuja democracia, através do voto, retirou do páreo da disputa municipal mais importante do país.

       Do ponto de vista dos tribunais políticos, as atitudes inconsequentes de Marçal podem lhe render a ingelegibilidade. Não seria surpresa, aliás, seria o correto, ainda que seus seguidores e fãs dodóis possam alegar perseguição. 

       A política, por si só, muitas vezes, apresenta-se suja como um lamaçal. A política "À la Marçal" é ainda mais nojenta...


* O Eldoradense

Resenha literária: "A ditadura acabada", de Hélio Gaspari

  Resenha literária do livro "A ditadura acabada", de Hélio Gaspari. Confira!



* O Eldoradense


Comentário: "Vitória extremamente ampla"

 



   Enfim, encerrou-se o pleito municipal em Presidente Venceslau, e como era de se esperar, não houve surpresa em relação ao resultado final quanto à disputa pelo cargo executivo: Bárbara Vilches venceu com mais de 70% dos votos válidos, e estes números corroboram - e muito - a aprovação dos seus primeiros quatro anos de mandato.

     Deixo claro aqui que, em relação ao título do texto, utilizei a expressão "Vitória extremamente ampla" porque, quando se trata de resultado de urnas, ao meu ver, "Vitória inquestionável" é redundância. As urnas são a expressão máxima da vontade de um povo e só não as respeitam os inconformados, os arruaceiros e simpatizantes do totalitarismo. Entendam: O vitorioso sim, pode e deve ser questionado, pode e deve sofrer oposição democrática, inclusive para o bem da própria democracia. Já sua vitória, não.

   Outro ponto que faço questão de deixar claro é que o título do texto possa parecer comemorativo: Não votei na atual prefeita por diferenças ideológicas, de plataformas e posicionamentos. Mas é fato que sua vitória foi "extremamente ampla" e seria estar desconectado da realidade não reconhecer tal fato. Contra números, não há argumentos, e os números apresentados ontem foram mais que robustos. Num universo de seis postulantes, conquistar 70% dos votos válidos é um registro histórico.

    Resta aos oposiconistas aceitarem o resultado e continuarem fazendo oposição responsável, cobrando e fiscalizando, pelo bem da comunidade e por que não, da própria reeleita. Cabe à vitoriosa fazer jus ao vistoso aval da população e não cair no perigoso e corriqueiro comodismo inerente à boa parte dos reeleitos. Outra armadilha sedutora é a vaidade. Não conheço a prefeita, mas ao que me parece, ela não tem o perfil de acomodar-se em zona de conforto. Quanto à vaidade, aí podem ser outros quinhentos. Repito: Podem ser outros quinhentos, trata-se de possibilidade, não afirmação, pois como disse anteriormente, não a conheço, são apenas impressões.

     Antes que o texto termine, ficam registradas as congratulações especiais também aos vereadores eleitos. Considero esta disputa mais complexa, levando-se em conta não só o número de concorrentes como também, aquela conta não menos complexa do coeficiente eleitoral. Mas é claro que as congratulações se estendem também a todos que participaram do pleito e estiveram à disposição da população, independente se motivados por ambições pessoais ou abnegação. Candidatar-se é um ato de coragem, e a coragem, por si só, é valiosa virtude.

       Safisfeito, enquanto cidadão e eleitor, quanto ao desenrolar do processo. Cada um teve a oportunidade expressar de forma tranquila suas opiniões e demandas nas urnas, e é assim que deve ser. Isso, por si só, já me basta. O que vem pela frente nos próximos anos, é consequência. E todos nós, independente de qual lado estejamos, precisamos continuar exercitando a cidadania, fiscalizando e cobrando, quando necessário. Pois a cidadania não limita-se apenas ao voto. Ela é bem mais que isso!


* O Eldoradense 

2 de out. de 2024

Vídeos curiosos: "Expedição Rosana"

  E para que as férias não passassem batido, fiz uma expedição em Rosana que renderam algumas imagens aéreas belíssimas. Confira!

* O Eldoradense



Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...