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11 de set. de 2025

Comentário: "Condenado!"


 


   As primeiras pedras que eu havia cantado sobre Jair Bolsonaro datam de antes de ele ser eleito. Conhecendo o seu passado improdutivo enquanto Deputado Federal, bem como seu discurso idiota, sensacionalista e inflamado, não seria preciso ter o dom da vidência para saber que boa coisa dali não sairia.

  E vieram o mandato presidencial pífio, a gestão desastrosa e zomebeteira acerca da pandemia, as ameaças constantes de golpe, os questionamentos sobre o processo eleitoral e as afrontas aos Ministros colegiados do STF.

   Com um repertório tosco e motivado por uma minoria barulhenta que propagava fake news  querendo tomar o poder à força, o primeiro revés relevante veio nas urnas: Tornou-se o primeiro presidente a não obter êxito ao tentar reeleição, perdendo para Lula, que até 2018, juntamente com o PT, estava enfrentando rejeição monstruosa da população brasileira. Pois é: Bolsonaro não só conseguiu se autodestruir politicamente, como conseguiu a façanha de ressuscitar alguém que parecia totalmente fora do jogo eleitoral presidencial após abosolvição - ou descondenação, chamem como quiserem - pelo STF.

    O segundo revés relevante e galopante em progressão contínua, foi a inelegibilidade. Por cinco votos contra, e apenas dois a favor, o ex-presidente atingiu esta condição por abuso do poder econômico durante o pleito de 2022. Gradualmente, o ex-presidente parecia querer ultrapassar os limites legais, desafiando os Ministros do STF, como se ele estivesse acima do bem e do mal.

       Mas aí, não contente, veio o fatídico e lamentável episódio do 08/01/23. Depredação, vandalismo, cenas paralelas à invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota do xarope ianque, o tal de Donald Trump. Para deduzir que aquela palhaçada iria resultar em condenação por tentativa de golpe, não precisa ser bacharel em direito: Bastava saber juntar lé com cré, ter dois dentes e não babar. 

     Na iminência das provas juntadas, da culpa anunciada e no desespero, vieram os pedidos de anistia - até mesmo sem condenação lavrada - e agora, as ameaças vindas dos Estados Unidos, sejam através de sanções econômicas até o delírio de intervenção militar. E o pior: Tem gente adorando isso tudo!

     Os parágrafos seguintes dizem respeito ao que é opinião e o que é fato: O sujeito tem todo o direito de venerar Bolsonaro, de colocar poster dele no quarto, de rezar pelo ex-presidente, de visitá-lo na cadeia, de propagar aos quatro ventos que o "mito" foi condenado sem provas. Porém, fatos, são fatos, e decisões ténico judiciárias são fundamentadas, não são pautadas em "achômetro". Luiz Fux, até agora, foi o único que vtou pela absolvição, e ponto, respeito seu voto, ainda que eu discorde. Porém, como eu disse, foi o único que teve esta compreensão, portanto, assim como nas urnas, venceu a maioria colegiada pela condenação. 

      Foram respeitados todos os trâmites legais e o princípio do contraditório. Pedidos pela anistia virão, novas chantagens também, e sim, há a possibilidade de Bolsonaro ser liberto em breve, afinal, este país geralmente pune de forma severa somente os mais pobres, e dificilmente o repertório será mudado. 

     Mas sim, Bolsonaro foi condenado como merecia, aliás. No campo dos fatos e das leis, está consumado. No campo das opiniões e interpretações, é direito o cidadão apaixonado ter seu criminoso de estimação, negar de forma veemente os fatos, afinal, numa democracia, há liberdades, inclusive para chorar. No meu caso, que raramente bebo, vou abrir uma cerveja - sem álcool - para brindar. Falta de aviso, não foi!


* O Eldoradense  

26 de jul. de 2025

Comentário: "Economia chinesa - PIB e IDH"

    



   Anteontem fiz um texto com o objetivo de desmistificar a falácia de uma possível instalação do comunismo no Brasil. Publiquei o escrito no site "Recanto das letras", neste blog, bem como na minha página da rede social. A repercussão foi bastante positiva, tendo unanimidade em relação ao Brasil capitalista e divergências quanto ao regime econômico da China.

         Nas redes sociais, a divergência envolveu o fato de que o Estado chinês ainda intervém efetivamente na economia, e que por isso, o país não poderia ser classificado plenamente como "capitalista". De fato, há diferentes interpretações entre os economistas sobre o assunto, que vão desde o "socialismo de mercado" ao capitalismo propriamente dito. Sob a ótica econômica, ninguém classificou o país como "comunista". Há os que defendem que a economia chinesa adotou um modelo híbrido, inovador, diferente de tudo o que já se viu hoje.

      Houve uma discordância no whatsapp, onde foram citadas as censuras e a liberdade limitada dos chineses, e que, por isso, o país seria sim, comunista. Reitero: A análise, como dito em um parágrafo do texto, levou em consideração o prisma econômico, não o político. E aí, a discussão envolve ditadura x democracia, e em nenhum momento foi citado que há democracia na China. Portanto, é uma ditadura capitalista.

        Lembremos que nós também vivenciamos em um passado não muito distante uma ditadura, e ainda assim, vigorou o capitalismo no Brasil bipartidarista, censor, torturador e sem eleições diretas para presidente. Portanto, uma coisa é o regime político, outra, o sistema econômico.

           Dito isso, e acrescentadas as informações nos mais diversos comentários, eu reitero que a China, ao meu ver, é um país capitalista tanto quanto o Brasil, e abaixo, listo os motivos pelos quais assim considero:

       1) Apesar da intervenção estatal, a economia chinesa encontra-se amplamente aberta, com importações e exportações para praticamente todo o mundo;

    2) Considero o capitalismo chinês tão selvagem quanto o do Brasil levando em conta principalmente fatores como a exploração da mão de obra assalariada e os desafios que o país enfrenta em relação à questão ambiental;

  3) A outra semelhança com o capitalismo brasileiro está na discrepância entre as posições chinesas nos rankings do PIB e do IDH, dois importantes indicadores da riqueza e prosperidade de um país. No primeiro ranking, o país encontra-se na segunda posição, enquanto que no outro ranking aparece em septuagésimo oitavo lugar, revelando que em relação à qualidade de vida dos chineses, ainda há muito o que melhorar. Justiça seja feita, esta é uma característica bem típica dos países emergentes, cujo bolo cresce, mas fatiado em tamanho bastante desiguais.

      As projeções, portanto, indicam que em um futuro próximo, com relação ao PIB, os chineses têm grandes chances de alcançarem os norte-americanos, líderes de longa data, até então. Porém, em relação ao IDH, a China está atrás de nações sul-americanas como Chile, Argentina e Uruguai, por exemplo. 

        Talvez as melhoras no IDH pudessem acontecer mediante um processo de abertura política e implementação do regime democrático, o que, sinceramente, duvido que aconteça a curto e médio prazos.

     Finalizando, agradeço as participações no último texto, cujos comentários vieram a acrescentar e fomentar o debate pautado em informações, ocorrendo de forma sadia e respeitosa. Democracia é isso!


* O Eldoradense


24 de jul. de 2025

Comentário: "Estamos em um país comunista?"

   


       Em tempos de polarização política, não é raro o indivíduo ouvir que estamos em um país comunista, ou que, numa hipótese mais branda, estamos caminhando para tal. Ouve-se o termo à torto e à direito nas redes sociais, nas rodas de amigos, nos templos religiosos, nas mesas de lanchonetes, na rua, na chuva, na fazenda, ou até mesmo, numa casinha de sapé. 

     Tenho duas teorias: Algumas pessoas propagam a máxima sem conhecimento de causa, e outras, até conhecem vagamente o conceito, mas propagam propositalmente a mentira para que os desinformados temam fervorosamente um monstro desconhecido que nunca colocou e nem colocará os pés em solo brasileiro.

    Cientificamente falando, e de forma bem resumida em relação ao tema,  recorrendo ao filósofo e economista alemão Kal Marx, o comunismo é um estágio avançado do socialismo, onde os trabalhadores se apoderariam dos meios e modos de produção, igualando as classes sociais, ocorrendo a ausência da propriedade privada, e principalmente, do Estado. Lembremos que Marx elaborou esta corrente de modelo socioeconômico em um contexto pós Revolução Industrial, onde operários famintos vendiam sua força de trabalho em jornadas desumanas que chegavam a dezesseis horas de trabalho em ambientes insalubres, incluindo, nesta jornada marcada por altíssima exploração, mulheres e crianças. Não é preciso dizer que na atual conjuntura, o comunismo é Utópico, inviável e ineficaz.

     O tempo, de fato, provou que o comunismo não funcionou, e talvez os principais marcos de sua ineficácia e derrocada sejam a extinção da União Soviética e a queda do muro de Berlim, na Alemanha do próprio Marx.

       Historicamente falando, nunca chegamos nem perto do comunismo: Desde que este país foi colonizado e dividido em capitanias hereditárias até as ameaças tarifárias de Trump, fomos - e somos - um país capitalista selvagem, desigual, disforme, da periferia do capitalismo mundial, mas sob o ponto de vista técnico das ciências humanas e socioeconômicas, capitalista.

        Importamos, exportamos, a propriedade privada sempre existiu, elegemos nossos políticos através do voto direto e temos um Estado constituído. Se alguém alegar que "somos comunistas" devido à alta carga tributária, está errado, porque este não é o parâmetro para a denominação. Há países capitalistas de primeiro mundo com altíssimas cargas tributárias que proporcionam qualidade de vida invejável aos seus cidadãos: A Suécia e os países nórdicos da Europa, são exemplos. Infelizmente, é bem verdade não é o nosso caso: Pagamos impostos altíssimos e temos parcos retornos, mas aí, é outra história.

      Se alegarem que somos comunistas porque políticos de esquerda venceram boa parte das últimas eleições no país, está aí um outro equívoco: O conceito "esquerda" nasceu na França - um país marcado pelo perfil capitalista - pós Revolução, mais precisamente, no legislativo daquela nação , oriundo do grupo chamado de "Jacobinos". Além disso, se somarmos na nossa história todos os presidentes do Brasil, desde a República Velha, passando pelo Estado Novo, ditadura militar e tempos atuais, veremos que a maioria absoluta é composta por políticos de direita, similares aos "Girondinos" da França pós queda da Bastilha.

     É fato que hoje, nem a China, regida pelo Partido Comunista, do ponto de vista econômico, é comunista. O capitalismo chinês é tão selvagem quanto o nosso, porém, pautado na exportação de tecnologia e importação de commodities, num perfil comercial e produtivo inverso ao brasileiro, fruto de pesados investimentos no setor educacional. 

    Fomos capitalistas, somos capitalistas e seremos capitalistas. Penso que a grande questão é evoluir dentro desta realidade, promovendo inclusão no processo produtivo, no aumento da massa consumidora, diminuindo desigualdades e trazendo mais dignidade para uma parcela maior da produção. É lógico que para muitos capitalistas selvagens e exclusivistas, isso não é interessante. Para estes, é importante propagar a iminência do monstro comunista para manter-se no seletíssimo grupo das minorias privilegiadas, explorando ao máximo mão de obra assalariada precariamente remunerada. 

      Para a reversão efetiva desta atual e perversa realidade, seriam necessários pesados investimentos em educação, ciência e tecnologia, além, é claro, da diminuição ou extinção da maléfica corrupção, este sim, um monstro ambidestro no espectro político que nos consome desde o Brasil colônia. 

     Enfim, o ineficaz comunismo aqui passou longe, e o nosso capitalismo é capenga, primário, altamente desigual. Para os que lucram excessivamente com o atual contexto, é interessante propagar o medo do bicho papão e manter a população desinformada, confundida e alienada. E é na falta de instrução e consciência de classe dos oprimidos que os opressores deste país apostam, e há de se reconhecer que estão tendo êxito há mais de quinhentos anos...


* O Eldoradense   

         

12 de jul. de 2025

Comentário: "A chantagem de Trump"

    


     O assunto do momento, e não poderia ser outro, é a taxação de 50% dos produtos brasileiros exportados para terras estadunidenses. O nosso segundo maior parceiro comercial, com o qual o Brasil possui duzentos anos de relações bilaterais, na figura do presidente Donald Trump, resolveu impor uma alíquota alfandegária absurda, abusiva e infundada sobre os produtos aqui produzidos e para lá vendidos.

    Segundo a carta emitida pelo governo norte americano, há duas motivações para a decisão: A primeira delas, baseada numa mentira, diz que os norte americanos operam em défict comercial com o Brasil. A segunda, absurdamente diz respeito ao trâmite judiciário executado pelo STF em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

    Sobre a primeira argumentação, nem vou tecer comentários, já que é uma inverdade. Sobre a segunda argumentação, ela é mais uma manifestação de como a extrema direita sempre quer impor suas vontades através da pressão econômica, em diferentes escalas (desde a microscópica até a macro)

    Alguém se lembra de um grupo de whatsapp criado em Presidente Venceslau durante as eleições, que na ocasião, expunha pessoas - principalmente comerciantes e profissionais liberais - que supostamente votariam em Lula, propondo que estes sofressem um boicote comercial? Percebem como o modus operandi desta gente que diz defender a liberdade é contraditório à democracia? Que se preciso for, tais pessoas recorrem às pressões econômicas - e em alguns casos, até ao vandalismo - para obterem êxitos em seus propósitos?

    O que o julgamento de um ex-presidente (que ainda não foi condenado, diga-se de passagem) tem a ver, efetivamente, com o fluxo comercial bilateral entre Brasil e Estados Unidos? É correto o presidente de uma nação condicionar as tarifas alfandegárias às decisões judiciais e soberanas de um outro país?

     Logicamente, caso se mantenha a decisão alfandegária de Trump, o Brasil é quem sairá perdendo. Empregos ligados aos setores produtivos prodominantemente exportadores e que têm boa parte dos seus lucros oriundos das negociações com os norte-americanos serão ceifados. A inflação, por sua vez, tenderá a aumentar, pois boa parte do que consumimos é atrelado à cotação do dólar. 

       Do ponto de vista econômico, penso que o governo brasileiro deverá insistir em negociar, mediante o simples fato de sermos os maiores prejudicados.  Caso não exista sucesso ou evolução nas negociações, a reciprocidade é inevitável, ainda que, em primeiro momento, as consequências sejam novamente desastrosas para a população. Haveria um hiato, uma transição, até que empresários e governo se adequem à nova realidade e passem a estabelecer novas relações comerciais com outros mercados. Será um processo inevitável e doloroso de readequação, mas necessário.

        Digo isso porque se de fato Trump esperar um alívio do STF à Bolsonaro caso o ex-presidente, seja, de fato, culpado, esquece: Bolsonaro irá pagar pelos seus erros - que depois dos últimos fatos, parecem ter se acumulado - e, confirmada sua culpa, pode esperar dois destinos: O primeiro, a cadeia, e o segundo, colar na aba do tio Sam, tornando-se tão fugitivo quanto a discípula Carla Zambelli.

   Porém, ficou explícito que existe uma família, que, de patriota, não tem nada. Para livrar a própria pele, são capazes de se aliar a outros líderes e propor um boicote à própria nação, inclusive aos seus eleitores e simpatizantes, sendo que muitos perderão empregos ou amargarão, como todos nós, mais pressão inflacionária.

          Mas esperar o que do clã Bolsonaro? Para tentar se safar, em depoimento, ex-presidente chamou seus simpatizantes fieis de "malucos"! Tudo bem, de fato, quanto a isso, Bolsonaro até tem razão, mas ele poderia ter empatia  e ser um pouquinho menos traíra com a tietagem!

       Para finalizar, exponho a fala de Paul Krugman, norte-americano, prêmio Nobel de economia, sobre o assunto: "Trump é um megalomaníaco, está tentando usar tarifas para ajudar outro aspirante a ditador". Mas a galera patriota do whatsapp e das redes sociais acha que Trump está fazendo isso pela democracia brasileira! Malucos, como bem disse Jair Bolsonaro...


* O Eldoradense


20 de mai. de 2025

Comentário: "Quem fala demais..."

 



  A máxima é antiga: "Quem fala demais dá bom dia aos cavalos", é uma frase que serve de lição não só para aqueles que costumam se exceder no disse que me disse, na fofoca, mas também, nos arroubos e bravatas. Vale para que aqueles que assim agem, um alerta para que façam uma autocrítica e coloquem um freio - de preferência ABS - na língua. Há quem diga que palavra dita é igual munição de arma de fogo: uma vez lançada, não tem volta. Acho exagero, haja vista que o arrependimento e um pedido de desculpas - sincero - talvez reparem o equívoco. Já o arrependido por ter atirado, ainda que precedido por desculpas genuínas, não traz de volta o projétil ao revólver.

    Entendam a crítica abaixo voltada à parlamentar, não à pessoa. Farei isso porque conheço muito pouco a pessoa, mas a parlamentar em si, está ganhando certa notoriedade, infelizmente, mais pelas polêmicas do que pelos acertos. E, de verdade, torço para que a mesma reconsidere posturas e evolua em sua legislatura, pois o número de mulheres na política é tão diminuto que temo que os erros por ela cometidos sejam julgados de forma mais contundente pelo simples fato de estarmos numa sociedade machista. Não que não mereça o julgamento, mas é fato que bravatas políticas masculinas parecem ser mais toleradas ou até mesmo, em alguns casos, exaltadas positivamente: A polarização Lula X Bolsonaro é a prova viva disso.

    Na votação do PL que norteia o futuro da Previdência Municipal de Presidente Venceslau, uma vereadora, no intuito de defender ferrenhamente seu ponto de vista - ou talvez o executivo - disse, de forma explícita: "Diferente de alguns que ficam relinchando". Não é preciso dizer que a reação efusiva dos funcionários públicos municipais que encontravam-se na Casa Legislativa - do povo, não dos vereadores - foi emitir uma vaia não menos contundente. 

       Constrangida, a vereadora pediu desculpas e disse que a fala não foi pejorativa - Há algum outro sentido? - mas a partir daí, o que foi dito, dito estava. O tal PL não foi aprovado, cinco vereadores votaram contra, derrotando o executivo no que diz respeito ao aumento da idade mínima para a aposentadoria, mantendo a essência do que diz a Lei Orgânica Municipal.

         Com relação à questão do aumento da alíquota da contribuição  previdenciária em si, entendo que o assunto é complexo: A curto prazo, prejudica diretamente os contribuintes que já teriam seus direitos supostamente garantidos. A longo prazo, talvez seja um remédio amargo e necessário, exatamente para a saúde fiscal do fundo previdenciário e manutenção destes mesmos direitos.

         Custava a argumentação da vereadora ao defender o PL ser nesta linha? Precisava faltar com o decoro e desrespeitar aqueles que já estão se sentindo lesados com a situação que estava se desenhando? Atribuo tais ações e falas à inexperiência. Não é colocar panos quentes, mas se tornar político requer um tipo de inteligência que hoje em dia parece estar em declínio: A inteligência emocional. Não estou dizendo que a vereadora não a tenha, mas há a possibilidade de que a mesma não tenha sido aflorada por falta de experiência, e que possa haver evolução neste sentido.

       O fato é que existiu uma falta de respeito consumada e que muitos que se sentiram ofendidos, certamente anotaram o episódio numa carteirinha íntima. De verdade, por motivos ligados principalmente  à questão da representatividade do gênero feminino na política, torço para que a vereadora aprenda com a lição e execute sua legislatura com mas racionalidade e menos ímpeto. É fato que se continuar dando bom dia aos cavalos, a impopularidade e a rejeição lhe  soarão tão alto quanto o relincho simultâneo de mil equinos selvagens...

   * O Eldoradense

29 de abr. de 2025

Comentário: "Nossa camisa jamais será vermelha!?"

    


   O ano era distante: 2022! Sim, três anos na era contemporânea da internet, equivalem a trinta na era analógica. Brincadeiras cronológicas à parte, é fato que, desde 1994, as eleições presidenciais no Brasil coincidem com a Copa do Mundo e tem gente que mistura, sem qualquer pudor, bola com urna, chuteira com sapato lustrado, torcida com militância.

  E, há três anos, aquela que foi a eleição presidencial mais acirrada da nossa história, antecedeu a Copa do Catar. Polarização, extremismo, ânimos acirrados. A Copa do Mundo e a seleção brasileira, cuja simbiose sempre teve protagonismo no nosso inconsciente coletivo, ficou em um plano inferior, coadjuvante, figurante, talvez.

    Houve gente que disse que não torceria pela seleção. Outros, para evitar usar o tradicional uniforme amarelo, optaram por modelos alternativos. Confesso: Eu fui um deles! Optei pela camiseta branca, porque tudo o que eu queria, naquele momento, era passar uma imagem de patriotismo pacífico, sereno, racional, contrastando com o radicalismo amarelo. Teve amigo meu que disse, em tom de brincadeira, que seria capaz de encomendar um modelo vermelho,  mas eu disse que seria uma heresia...

     Pois bem! O ano agora é 2025: Um site inglês cravou que, para a Copa do Mundo do ano que vem, o uniforme reserva da seleção brasileira será vermelho, da cor do pau Brasil. Mas esta não seria a justificativa para a mudança estabelecida pela empresa fabricante do uniformes, mas sim, transmitir uma imagem cromática vibrante, apaixonante, jovial. A tradicional camiseta reserva azul - e muito bonita, por sinal - ficaria para escanteio. Absurdo! 

     Serei objetivo e sucinto na minha opinião: Posicionamentos políticos à parte, reforço a tese da heresia, do rompimento com qualquer bom senso, da quase ofensa. É uma mudança desrespeitosa com tudo o que o futebol brasileiro conquistou ao longo da sua história, ao seu legado, à sua tradição. Digo isso exatamente porque não misturo chuteiras com sapatos, bola com urna, torcida com militância. 

        Mas há os que, certamente, fazem o sincretismo político-futebolístico. Dentro deste grupo, há os que jogam na ponta esquerda e os que jogam na ponta direita. Para o primeiro grupo, a camiseta vermelha será um deleite, uma ruptura cromática revolucionária, oportuna. Para os que jogam na ponta direita, uma ofensa, talvez mais um daqueles gestos arquitetados pela Nova Ordem Mundial, cujo objetivo é disseminar o comunismo. 

         Ao meu ver, a mudança é ofensiva, sim, brusca e sem discernimento. Porém, ela é fruto do capitalismo selvagem, do mercantilismo a qualquer custo, pois a empresa que implementará a mudança é braço de uma das maiores marcas esportivas do mundo. Não tem nada de socialismo/comunismo nesta verdadeira presepada!

         Finalizo dizendo que se a seleção brasileira está amarelando em campo, não será a mudança rubra da camiseta reserva que reforçará os laços da paixão dos torcedores pelo time. Time ruim com camiseta vermelha, sem qualquer identidade, só remeterá a um outro sentimento, análogo a cor escarlate: Vergonha ao quadrado!

* O Eldoradense

       

4 de mar. de 2025

Comentário: "Coisa de cinema"

     


 A semana começou de uma forma histórica para o cinema brasileiro: O filme "Ainda estou aqui" teve três indicações ao Oscar, e venceu com justiça uma delas, a de "melhor filme estrangeiro". Se o fato acontecesse há duas, três décadas, talvez houvesse uma unidade maior em torno da comemoração deste importante feito para o cinema nacional, um reconhecimento uníssono, mas infelizmente, não foi o que aconteceu: A "bendita" polarização política que tem feito parte do cotidiano do país nos anos recentes, fez com que houvesse uma nova divisão de opiniões a respeito do fato: Parte do país comemorou de forma mais efusiva, outra, desdenhou e até chegou a torcer contra.

   Coisa insana, impensável, quase que inadmissível. A polarização não se limitou apenas ao jogo político, adentrou em qualquer tema alheio ao cenário do poder: Passou pelas vacinas, chegou até - pasmem" - à saúde do Papa Francisco e desembarca recentemente em Hollyood. 

     Mas voltando à sétima arte, que é o que realmente importa no texto - e no contexto - a conquista da semana culminou em um processo que se iniciou há algum tempo, tendo seu ápice talvez na década de 90, com três indicações: "O quatrilho", 1996, "O que é isso companheiro?" em 1998 e "Central do Brasil", em 1999.

    Sempre achei incoerente um país ter tanta tradição na produção de excelentes telenovelas e não ter um desempenho à altura no ambiente cinematográfico, ainda que eu seja um grande entusiasta das produções nacionais exatamente porque nelas estão a nossa cultura, nossa realidade, enfim, o nosso jeito genuíno de fazer dramaturgia. Sempre achei estranho que,  a depender do interesse do nosso público em relação à sétima arte, o brasileiro soubesse mais sobre A Guerra da Secessão ou do Vietnã, mas ignorasse Guerra de Canudos, Farroupilha ou até mesmo contestasse a existência de um período chamado "Ditadura militar".

   O cinema não é apenas entretenimento, mas também ferramenta de aquisição de conhecimento e cultura. E tal qual, a evolução da sétima arte em qualquer nação que almeje prosperidade socioeconômica e também cultural, é de suma importância. 

     Há aqueles sujeitos toscos que argumentam que o que importa é saúde, educação e comida na mesa, e que o resto talvez seja supérfluo. Porém, estes ignoram - ou fingem ignorar - que para que direitos básicos sejam alcançados, é preciso que determinado povo seja culto e tenha livre acesso à cultura, informação e conhecimento, sendo o cinema uma destas ferramentas de ruptura à alienação e ignorância. Afinal, "a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte!"

     Parabéns ao cinema brasileiro e que venham novas conquistas. Bons atores, produtores e criatividade, nós temos. O que falta provavelmente é incentivo e principalmente, investimento. Que a distância entre Gramado e Hollyood seja cada vez mais curta. A vitória de "Ainda estou aqui" na categoria melhor filme estrangeiro, foi tão linda quanto histórica e inesquecível: "Coisa de cinema!"

* O Eldoradense

        

3 de mar. de 2025

Comentário: "A Ucrânia do futuro e a Alemanha do pós Segunda guerra"

    


Quando acabou a segunda Guerra Mundial, o Mundo se viu dividido em dois grandes blocos geopolíticos: O primeiro, formado por países com economia liberal, liderado pelos Estados Unidos, e o segundo, por países de economia planificada, socialista, liderado pela antiga União Soviética.

      Não é preciso dizer que o socialismo não vingou, que o tal comunismo ruiu, e por consequência, a União Soviética nem existe mais. A chamada "Guerra Fria" perdeu força, o mundo se tornou globalizado economicamente, e, aquele que era o maior símbolo físico daquele período, desmoronou no longínquo ano de 1989: O muro de Berlin, que dividia a Alemanha em duas partes - A primeira, Ocidental e próspera, aliada aos americanos, e a segunda, Oriental e bem menos desenvolvida, aliada dos soviéticos.

      Hoje, a Ucrânia tenta se alinhar ao mundo Ocidental, querendo ingressar na Zona do Euro e flertando com a Otan, o que gerou a ira de Putin, o autocrata russo que, há quase meia década, declarou guerra ao país vizinho, antigo aliado e ex-República Soviética. 

           A Ucrânia é um país maior que o Estado de Minas Gerais, o segundo maior em extensão territorial da Europa, e tal qual o Estado Brasileiro Inconfidente, possui riquezas minerais abundantes, dignas da cobiça das grandes potências mundiais.

     É fato que hoje, as relações entre Washington e Moscou são bem mais amistosas que no século passado: Trump e Putin parecem ter relações bem estreitas, e isso ficou evidente na sua conversa constrangedora entre o presidente norte americano e o ucraniano, no salão oval da Casa Branca.

      Trump disse que Zelensky deveria ceder para "alcançar a paz", e ceder, neste caso, seria abrir mão de uma das fatias mais prósperas do solo ucraniano para os russos. Disse que poderia continuar ajudando os ucranianos, porém, de forma menos enfática, ao passo que, em contrapartida à suposta e tímida ajuda, sugeriu um "acordo de exploração mineral", não assinado após a discussão acalorada entre ambos.

      Enfim, ficou a impressão de que o minério ucraniano poderá ser dividido entre russos e americanos, tal o território alemão do pós Segunda Guerra. Desta vez, não haveria muro, a barreira não seria física, mas virtual, fruto de uma "amizade providencial" entre Trump e Putin. A Europa Ocidental promete ajuda enfática à Ucrânia, mas, sem o apoio norte-americano, Zelensky está quase órfão em sua jornada bélica contra Putin.

      A Ucrânia do futuro, caso não haja mudança nos rumos da atual guerra, poderá se assemelhar, de alguma forma, com a Alemanha da segunda metade do século passado: Parte dominada economicamente pelos norte americanos, e outra, dominada por russos. Não há necessidade de muro, pois Trump respeita o amigo. O muro, obviamente, é melhor que seja  construído na fronteira com o México, pois é bem mais fácil e conveniente rugir contra mexicanos do que contra os russos...


* O Eldoradense

18 de fev. de 2025

Comentário: "A inflação impede reeleições"

    

 O atual governo federal inicia o seu terceiro ano de mandato de forma nebulosa, no que diz respeito às perspectivas de reeleição, para o ano que vem: Os Institutos de Pesquisa, que raramente falham, diga-se de passagem, indicaram uma queda brusca de popularidade de "Lula 3", algo na casa dos 20%, e o que é pior: O decréscimo ocorreu em seu nicho eleitoral, situado geograficamente em sua maior parte no Nordeste e em relação pirâmide social, basicamente entre os mais pobres. 

   É um duro golpe para o partido governista, não há como tapar o sol com a peneira. As possibilidades de reversão do quadro são improváveis, levando-se em consideração o pouco tempo hábil para as próximas eleições presidenciais. O baque é nítido, perceptível no semblante do presidente, na comunicação desconexa dos integrantes do Partido dos Trabalhadores, bem como na euforia dos opositores, que enxergam claramente a possibilidade de retorno ao poder.

     Para Lula, o fenômeno é raro: Eleito três vezes à presidência, sendo uma delas com a maior votação da história, amargar o dissabor da impopularidade só aconteceu no fim do primeiro mandato, no auge do mensalão, e mesmo assim, os indicadores não eram tão ruins quanto agora.

     Isso mostra que, em suma, nem a corrupção pesa tanto no crivo eleitoral quando a inflação. Ainda que outros indicadores econômicos estejam em um patamar positivo - crescimento razoável do PIB e baixo desemprego - as gôndolas dos supermercados é que, de fato e historicamente, norteiam opiniões. Para piorar a questão, a declaração polêmica e recente do presidente, sugerindo que o consumidor "não compre" para forçar uma improvável queda de preços, também parece ter exercido efeito direto na queda de popularidade, o que não é para menos, obviamente.

     Enquanto eleitor, creio que é iminente a derrota governista, pois, embora internamente a base da situação reconheça o fenômeno, a mesma parece delegar culpas a terceiros e não faz a tão necessária autocrítica. Este comportamento de desconexão da realidade já custou em um passado recente a reeleição do governo anterior, e poderá sim, se repetir com o atual governo em 2026. 

      Se Lula chegar às eleições tão impopular quanto agora, resta saber qual será o comportamento oposicionista visando o Planalto: Candidatura única, caracterizando uma grande coalizão de direita, ou uma possível pulverização de nomes? 

   Neste caso específico, creio que, assim como nos supermercados, vale a lei da oferta e da procura: Poucas opções geralmente custam caro, sendo que quanto mais alternativas e concorrência, melhor para o consumidor, digo, eleitor!


* O Eldoradense

5 de fev. de 2025

Comentário: "Primeiros movimentos de Trump"



   Não há como ficar alheio aos primeiros movimentos do segundo mandato do presidente da nação mais poderosa do planeta: Promessa do maior programa de deportações de imigrantes da história estadunidense, protecionismo econômico, suposta anexação territorial da Groenlândia, retomada do controle sobre o Canal do Panamá, ocupação da Faixa de Gaza e expulsão dos palestinos....

    Enfim, a agenda é vasta e controversa. Do campo de vista das deportações, elas são legítimas, mas ao meu ver, desumanas, e eu explico o porquê: Antes que alguém cite o número de deportações exercido na era Biden, é preciso dizer que o presidente anterior previa o direito de defesa e busca por legalização junto à justiça de imigração. Sob Trump elas acontecerão de forma imediata, sem qualquer direito de defesa e respeito ao princípio do contraditório.

    Há de se levar em conta também as possíveis consequências na falta de mão de obra imigrante para a economia americana. Trabalhos de menor complexidade, como por exemplo, os serviços braçais e de menor remunerabilidade são rejeitados pelos estadunidenses e absorvidos por esta massa populacional imigrante. Na ausência destes, quem irá exercê-los? Das duas uma: Ou Trump pretende fazer uma pressão inicial para justificar um compromisso xenófobo de campanha, ou, de fato, ele está alheio a estas consequências previstas por economistas e analistas sobre tema.

  Tais deportações também causam, no mínimo, um "desconforto diplomático" em relação a vários países, muitos deles situados na América Latina, região que sempre sofreu muita influência econômica dos Estados Unidos. Junte este ingrediente às possíveis tarifações sobre produtos oriundos destes países mais o desejo de Trump retomar o controle do canal do Panamá e temos a receita perfeita para que a China ganhe de vez a simpatia latino-americana, aumentando mais sua penetração neste mercado emergente.

     As transações econômicas entre as nações latino americanas e os chineses aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, sendo o Oceano Pacífico o principal elo entre eles. Como se não bastasse, há a nítida pretensão da construção da chamada "ferrovia transoceânica", ligando o Atlântico ao Pacífico, numa parceria entre Brasil, Peru e China, criando uma alternativa de rota econômica da América do Sul com a Ásia, que hoje é feita, em grande parte, pelo Canal do Panamá, que Trump quer retomar, diga-se de passagem. Como pretende fazer isso? Espero que seja através de negociações, e não por intervenções bélicas.

   Até mesmo com os vizinhos da América do Norte Trump conseguiu despertar polêmicas: As taxações sobre produtos mexicanos e canadenses vão na contramão do bloco econômico chamado atualmente de USMCA, (antigo NAFTA).

    Sobre o suposto plano anexação do território da Groenlândia, cujo objetivo é obviamente as possíveis riquezas minerais daquele lugar, o mesmo já causou polêmica nas relações com os dinamarqueses, que já alertaram, num passado recente: "A Groenlândia não está à venda" 

     Há ainda a intromissão sobre aquele que talvez seja o mais duradouro conflito étnico da história mundial: O árabe-israelense. Trump disse que fará uma "limpeza" naquele lugar, utilizando-se de uma metáfora infeliz e xenófoba, como palestinos fossem "sujeira". Mais recentemente, deu a entender que a intervenção será contundente e bélica, e que os "Palestinos que busquem outros países". Tal postura foi contestada até mesmo pelo bloco do Euro, aliado histórico dos Estados Unidos.

     Não sei qual será o desenrolar de tudo isso, mas é fato, que, no campo de vista econômico, o mundo está globalizado e tenho dúvidas que protecionismos nacionalistas gerem mais resultados positivos que a integração mundial das transações. Se as taxações passarem a se tornar recíprocas, ainda que os Estados Unidos sejam a nação mais poderosa do mundo, isso, de fato, os beneficiarão? 

    Ultranacionalismos, são, ao meu ver, algo demodê, ultrapassado e contraditório num mundo cada vez mais global. Tão ultrapassado quanto aquele gesto de Elon Musk fez na posse de Trump, saudação esta que ele insiste em dizer que era em alusão ao "Império Romano"...


* O Eldoradense


 


14 de nov. de 2024

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

 



  Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, e no intuito de talvez se tornar um mártir patriota às vésperas do feriado da Proclamação da República, explodiu-se, tal qual homem bomba do Oriente Médio.

    Deixo claro aqui que lamento profundamente o fato. Mas venho dizendo há tempos que existe uma seita fundamentalista de natureza político-religiosa que precisa ser combatida aos rigores da lei, respeitando, é claro, o princípio do contraditório, mas que não pode ser subestimada ou negligenciada. 

    Se traçarmos uma régua cronológica bem resumida, enumeramos os passos desta escalada rumo ao caos em alguns episódios pré e pós eleitorais, que alternaram elementos dignos de revolta, sarcásmo, e agora, sinceramente, piedade.

      Cito, primeiramente, Carla Zambelli e a loucura de sair correndo armada atrás de um cidadão que a provocou. Posteriormente, o acesso de fúria de Roberto Jefferson contra a Polícia Federal. Pessoas públicas que utilizaram-se de violência explícita para sei lá qual objetivo. Veio o pleito e a vitória legítima de Lula nas urnas, contestada por uma minoria barulhenta, e claro, expressiva. Fecharam rodovias, prometeram o caos, impediram o direito de ir e vir das pessoas, queriam fechar o país por conta de um resultado eleitoral, quando, num passado pandêmico não muito distante, defendiam a economia a qualquer custo. Não surtiu efeito desejado. Passado algum tempo e não satisfeitos, depredaram os prédios públicos da Capital Federal, com objetivos ainda a serem esclarecidos pelos processos investigativos, enquanto o "mártir" estava curtindo a ressaca da própria derrota em solo norte-americano. 

     Em manifestações mais cômicas do que trágicas, pediram intervenção militar, e não atendidos, passaram a desrespeitar as Forças Armadas, outrora ídolos, agora, "melancias". Telefonaram para alienígenas, cantaram hino nacional para pneus, abraçaram a boleia do caminhão em rituais surreais de tão ridículos. 

      Enfim, existem os loucos e os incentivadores da loucura. Pais de família foram presos no 8 de janeiro, e infelizmente, mediante condutas bárbaras e levianas, deveriam ir mesmo para a cadeia. Estão pagando o pato, foram manipulados, lamento pelo desfecho, mas justiça é justiça. Cabe agora lutar juridicamente por diminuição das penas ou anistia. Sinceramente, acredito no êxito da primeira possibilidade, da segunda, duvido muito!

    Em âmbito local, há quem tivesse organizado boicote econômico aos que pensavam diferente, num gesto covarde, tirano e semifascista. Desfizeram amizades, romperam laços familiares, misturaram diferenças políticas com pessoais. Tudo em nome desta seita com sincretismo político-religioso pra lá de questionável.

          Ocorreram, neste decorrer de tempo, assassinatos pela mesma motivação. O ápice, que até ontem eu duvidaria que acontecesse, seria o suicídio psicótico de alguém em claro desequilíbrio emocional, cuja vida parecia ser movida exclusivamente pelo fanatismo político.

            Pois é, infelizmente, aconteceu! Tal qual terrorista do Oriente Médio, um senhor, que provavelmente deveria ter problemas em suas faculdades mentais, atentou contra a própria vida, influenciado por discursos negacionistas, inflamados e violentos. Deve ter feito chorar - creio eu - seus familiares. Está sendo alvo de chacota, o que também penso ser de uma insensibilidade tamanha, pois, enfim, morreu um ser humano.

          Tio França, segundo sua ex-exposa, falava em assassinar Alexandre de Moraes. Mandou mensagens para si mesmo anunciando seus planos, e diziam que em sua perturbação mental, trazia consigo o alter ego do vilão "Coringa". É muita loucura, é impensável, digno de pena. 

        Fica o apelo para que esta polarização não ganhe contornos ainda mais insanos, que voltemos a uma racionalidade mínima, de ambos os lados. O que falta acontecer, uma guerra civil? É fato que mediante o trágico e macabro acontecimento de ontem, a possibilidade de anistia fica cada vez mais distante...


* O Eldoradense

7 de nov. de 2024

Comentário: "Sobre a vitória de Trump"

 



    Trump está de volta à Casa Branca e sua vitória foi inquestionável, levando-se em consideração não só apenas o número de votos, mas também, o número de delegados eleitos por cada estado e o êxito republicano nas casas legislativas (Câmara e senado). A pauta conservadora, bem como o discurso anti-imigração e as políticas econômicas que deram o tom de sua campanha parecem ter ido ao encontro aos anseios da população norte-americana, que confiaram o segundo mandato ao republicano, o que é democrático e legítimo, diga-se de passagem.

  As expectativas econômicas gerais giram em torno da volatilidade das moedas estrangeiras ante o dólar, já que políticas protecionistas via de regra estão na contra mão do mercado globalizado. Quando à geopolítica internacional, temos duas guerras impactantes em curso, e os ucranianos sinalizaram desânimo, pois Trump é próximo a Putin e já havia adiantando que diminuiria o apoio norte americiano aos adversários dos russos, caso saísse vitorioso do pleito. Sobre o segundo conflito, ainda que a comunidade árabe dos Estados Unidos estivesse insatisfeita com Biden, creio que em relação ao confronto árabe-israelense, a situação mude: Imagino que haverá apoio norte-americano mais contundente à nação judaica comandada por Netanyahu. E ainda analisando o contexto global, a pauta ambiental enfrentará um retrocesso, já que Trump nunca adotou um discurso que explicitasse simpatia à causa.

     E quanto ao Brasil? Há uma expecativa política de pressão norte-americada sobre o judiciário nacional para que futuramente sejam revistas sentenças proferidas em desfavor a um determinado grupo político: não creio que aconteça, e caso ocorra, a revisão será independente de influência ianque. A influência norte-americana, ao meu ver, se dará mais no campo econômico que político, e isso será relatado no parágrafo abaixo.

       Imagino que se de fato Trump adotar uma linha econômica protecionista, a nossa moeda tende a se desvalorizar diante do dólar, fato. O Google ontem anunciou o dólar numa cotação maior que R$ 6,00, todavia, a informação estava equivocada, e foi posteriormente corrigida pelo navegador. Porém, creio que a volatilidade do real depende mais da redução de gastos do governo Lula e da necessidade de um ajuste fiscal do que necessariamente de Donald Trump. Tanto é que a cotação do dólar fechou em baixa ontem, a R$ 5,67, diante da possibilidade de recuo na postura do governo federal em negar o referido ajuste. É importante que o atual governo se atente a isso, caso contrário, a desvalorização da moeda possa vir a bater os impressionantes R$ 5,90 do governo anterior, esquecidos pelos fiscais patriotas do câmbio. E só para constar, a cotação a R$ 5,67 já está bem desfavorável, as conveniências políticas não me fazem negar fatos concretos.

     Quanto às relações bilaterais de comércio, há a possibilidade de serem afetadas ante ao protecionismo anunciado de Trump, mas creio que, na prática, a redução será mínima. Independente de diferenças políticas do campo ideológico, os Estados Unidos sempre mantiveram parceria relevante no campo comercial com o Brasil, até mesmo pela  grandeza das duas economias. O fluxo de importação/exportação seguirá intenso, o que é primordial para as duas nações. 

        Fica mais uma vez o incansável registro de que as urnas respeitaram a vontade do eleitorado e que tal qual aqui, aquela invasão ao Capitólio ocorrida após a vitória de Biden foi vandalismo fanático e inconformado. Trump ganhou em 2016, perdeu em 2020 e tornou a ganhar agora. Cai por terra, mais uma vez, a balela idiota do discurso das fraudes nas apurações.

    

* O Eldoradense

7 de out. de 2024

Comentário: "Política À la Marçal"

 



   Tarcísio, sobre Marçal: "Um louco, filho das trevas". "Ladrão não mexe com polícia", disse Mello Araújo, do PL, vice na chapa de Ricardo Nunes, sobre o coach. "Marginal delinquente", foi dito por Eduardo Paes, reeleito prefeito do Rio de Janeiro no primeiro turno. Datena, antes de tudo isso, foi mais prático e objetivo, ainda que a agressão não se justifique: Mandou uma cadeirada no quengo do picareta.

   Transcritas as afirmações e atitudes acima, duas delas feitas por políticos de direita, tenho uma definição pessoal sobre o coach que atraiu tantos olhares e admiradores baseando-me em três personagens do grande Chico Anysio: Egocêntrico como o Alberto Roberto, charlatão religioso como o Tim Tones e mentiroso compulsivo como o Pantaleão.

     O marketing político era extremamente exagerado: Prometeu atropelar os adversários nas urnas, quando por fim, não chegou nem ao segundo turno. Ainda assim, a maior cidade das Américas quase que deu o passaporte qualitativo para que Marçal cogitasse a possibilidade de ser o próximo prefeito paulistano. Num pleito de pouquíssimas propostas e planos de governo, Marçal era o mais raso de todos: Em nenhum minuto foi propositivo, apenas promoveu discórdia e mentiras, interrompido de forma grotesca e brusca por José Luiz Datena. 

       Não se contentou: Continuou violando regras eleitorais como elas não existissem, criando perfis diversos nas redes sociais para que a propagação de suas infinitas mentiras viralizassem. Num gesto sabe-se lá movido por desespero o mau caratismo, exibiu um falso laudo médico atestando uso de cocaína por Guilherme Boulos. Segundo os próprios apoiadores, este seria o "grand finale" responsável por sua derrota. Sinceramente, não acho. Atribuo a terceira colocação a todos os outros eleitores que tiveram o mínimo de discernimento e detetizaram Marçal da disputa. 

      Nem mesmo o religioso Silas Malafaia tolerou o coach, que prometeu, numa igreja, fazer uma cadeirante voltar a andar. Enfim, um novo megalomaníaco egocêntrico sem rédeas, cuja democracia, através do voto, retirou do páreo da disputa municipal mais importante do país.

       Do ponto de vista dos tribunais políticos, as atitudes inconsequentes de Marçal podem lhe render a ingelegibilidade. Não seria surpresa, aliás, seria o correto, ainda que seus seguidores e fãs dodóis possam alegar perseguição. 

       A política, por si só, muitas vezes, apresenta-se suja como um lamaçal. A política "À la Marçal" é ainda mais nojenta...


* O Eldoradense

Comentário: "Vitória extremamente ampla"

 



   Enfim, encerrou-se o pleito municipal em Presidente Venceslau, e como era de se esperar, não houve surpresa em relação ao resultado final quanto à disputa pelo cargo executivo: Bárbara Vilches venceu com mais de 70% dos votos válidos, e estes números corroboram - e muito - a aprovação dos seus primeiros quatro anos de mandato.

     Deixo claro aqui que, em relação ao título do texto, utilizei a expressão "Vitória extremamente ampla" porque, quando se trata de resultado de urnas, ao meu ver, "Vitória inquestionável" é redundância. As urnas são a expressão máxima da vontade de um povo e só não as respeitam os inconformados, os arruaceiros e simpatizantes do totalitarismo. Entendam: O vitorioso sim, pode e deve ser questionado, pode e deve sofrer oposição democrática, inclusive para o bem da própria democracia. Já sua vitória, não.

   Outro ponto que faço questão de deixar claro é que o título do texto possa parecer comemorativo: Não votei na atual prefeita por diferenças ideológicas, de plataformas e posicionamentos. Mas é fato que sua vitória foi "extremamente ampla" e seria estar desconectado da realidade não reconhecer tal fato. Contra números, não há argumentos, e os números apresentados ontem foram mais que robustos. Num universo de seis postulantes, conquistar 70% dos votos válidos é um registro histórico.

    Resta aos oposiconistas aceitarem o resultado e continuarem fazendo oposição responsável, cobrando e fiscalizando, pelo bem da comunidade e por que não, da própria reeleita. Cabe à vitoriosa fazer jus ao vistoso aval da população e não cair no perigoso e corriqueiro comodismo inerente à boa parte dos reeleitos. Outra armadilha sedutora é a vaidade. Não conheço a prefeita, mas ao que me parece, ela não tem o perfil de acomodar-se em zona de conforto. Quanto à vaidade, aí podem ser outros quinhentos. Repito: Podem ser outros quinhentos, trata-se de possibilidade, não afirmação, pois como disse anteriormente, não a conheço, são apenas impressões.

     Antes que o texto termine, ficam registradas as congratulações especiais também aos vereadores eleitos. Considero esta disputa mais complexa, levando-se em conta não só o número de concorrentes como também, aquela conta não menos complexa do coeficiente eleitoral. Mas é claro que as congratulações se estendem também a todos que participaram do pleito e estiveram à disposição da população, independente se motivados por ambições pessoais ou abnegação. Candidatar-se é um ato de coragem, e a coragem, por si só, é valiosa virtude.

       Safisfeito, enquanto cidadão e eleitor, quanto ao desenrolar do processo. Cada um teve a oportunidade expressar de forma tranquila suas opiniões e demandas nas urnas, e é assim que deve ser. Isso, por si só, já me basta. O que vem pela frente nos próximos anos, é consequência. E todos nós, independente de qual lado estejamos, precisamos continuar exercitando a cidadania, fiscalizando e cobrando, quando necessário. Pois a cidadania não limita-se apenas ao voto. Ela é bem mais que isso!


* O Eldoradense 

26 de set. de 2024

Comentário: "O que está virando a política?"

 



  Houve um tempo em que a política acirrava ânimos e provocava debates acalorados. Porém, depois da apuração das urnas, cada um de nós, eleitores e candidatos, tocava a sua vida em frente, fazendo oposição e situação dependendo das afinidades ideológicas e por que não, conveniências. Era o jogo a ser jogado, a peleja democrática, o embate previsto: Articulações, alianças e estratégias, obviamente, faziam parte da receita.

  Mas, de um certo tempo pra cá, e eu realmente não consigo estabelecer um marco cronológico exato que delimite o fenômeno, a política degringolou. E eu nem me refiro aos inúmeros casos de corrupção que infelizmente nos acompanham há décadas, mas sim, à animosidade que antes, era exceção, e agora, parece ser regra.

    A "cadeirada" de um dos candidatos à prefeitura de São Paulo sobre o oponente, é apenas um dos episódios que simbolizam esta nova e deprimente fase da política nacional e também mundial.

    Haja vista que um ex-presidente brasileiro já tomou uma facada em campanha, uma vereadora carioca foi assassinada cumprindo mandato e que lá nos Estados Unidos, Donald Trump já escapou de duas emboscadas, é preciso reavaliar se é este tipo de processo político que queremos em busca da evolução das sociedades em todo o mundo. E as atrocidades não cessam após o final dos pleitos: As depredações inconformadas aconteceram tanto lá nos Estados Unidos, quanto no Brasil, retomando um novo círculo vicioso, como se as campanhas eletivas não tivessem fim.

    As provocações se tornaram explicitamente desrespeitosas, as propostas de campanha se tornaram totalmente irrelevantes, e, infelizmente, o eleitorado adotou uma postura cada vez mais visceral em detrimento às análises racionais. Divisões familiares, amizades rompidas, tudo isso em nome de uma passionalidade descabida, que, em nada tem a ver com as diferenças saudáveis e necessárias de visões e pensamentos acerca da temática política.

     Calúnias, injúrias, notícias que se disseminam rapidamente maculando biografias, tudo isso é o processo que culimina na cadeirada, na facada, no tiro, no murro, na depredação.

       Involuímos, e isso é fato. A internet que tinha tudo para acrescentar informação, no que tange ao mundo da política, potencializou hostilidades, mentiras e ofensas gratuitas. Enfim, houve um tempo em que ironias podiam ser trocadas, o humor poderia ser utilizado como tempero, e, principalmente, a civilidade prevalecia sem quaisquer prejuízos à convivência minimamente harmoniosa

       E, só para finalizar, fica o elogio aos candidatos ao pleito municipal de Presidente Venceslau: Se por um lado o processo eletivo por aqui aparenta estar morno, insosso e quase apático, é fato que em meio a tanta animosidade e hostilidades Brasil afora podemos nos orgulhar da civilidade ao qual o mesmo está sendo realizado. Que assim permaneça até o próximo dia 6 de outubro!


* O Eldoradense 

26 de ago. de 2024

Comentário: "Brasil em brasas"


 

     Semana passada, boa parte do interior paulista esteve coberto por uma grande nuvem de fumaça. A princípio, a mesma era proveniente de vários focos do solo bandeirante, bem como de outros focos dos importantes biomas nacionais: Amazônia e Pantanal.

  Lembramos que o nome da nossa nação é originário da árvore Pau Brasil, cuja característica marcante é o caule avermelhado como brasa. A primeira commodity de nossa história enquanto país, encontra-se em extinção, pois foi explorada o quanto pode pelo nosso povo, que por sua vez, não é brasiliense nem brasiliano, mas sim, brasileiro!

    É o único gentílico cujo término da palavra termina em "eiro", caracterizando uma profissão, neste caso específico, os "brasileiros" que eram os extrativistas do Pau Brasil.

   Mas voltando à temática principal deste texto, o Brasil volta a estar em chamas, e neste quesito, batendo novos recordes. Particularmente, eu tinha uma suspeita quanto ao fenômeno, que parece ir, aos poucos, se confirmando: As mesmas possuem um quê de rebelião, com intuito de desmoralizar o atual governo federal, que por sua vez, se mostra incompetente, de fato, em frear o avanço do fogo que engole nossas florestas e biomas.

   A ação parece mesmo ser coordenada, uma espécie de "dia do fogo", suspeita esta que parece deixando de se tornar especulação a partir de duas prisões feitas no noroeste de São Paulo, ambas motivadas por incêndios criminais. O governador do estado agiu certo, de forma inicialmente rigorosa, coisa que o governo federal, aliás, já deveria ter feito.

  É fato que Tarcísio não é Bolsonaro, nem mesmo assemelha-se aquele ex-Ministro do meio ambiente que queria "deixar passar a boiada" da questão ambiental em meio a catástrofe pandêmica da COVID 19. Ele é mais inteligente e esperto que a dupla de "brasileiros" citadas acima. 

   Também é fato que o atual governo federal, apesar de letárgico e incompetente em relação à resolução ou mitigação da questão, é bem diferente do anterior. Lula não estimulou as queimadas, nunca questionou as estatísticas das mesmas, tão pouco demitiu o responsável pelo INPE diante da exposição dos números. É reconhecido internacionalmente pelo discurso pró ambientalista, bem como sua ministra da pasta, Marina Silva.

    O problema é que discurso por si só, não resolve. É preciso ações concretas, e elas envolvem investigação e prisões, sejam lá de quem for. É bem provável que os rebeldes ambientais tenham a mesma motivação daqueles que depredaram Brasília naquele fatídico 8 de janeiro. E sinceramente, estão sendo conivente demais com estes criminosos inconformados. 

     Em relação às prisões efetivas, Tarcísio parece ter largado na frente, e espero que elas não sejam apenas focos isolados e caracterizem de fato, uma possível iniciativa efetiva em relação a questão, se tornando tão abrangentes quanto as fatídicas queimadas criminosas. 

     O tempo está seco por conta das poucas chuvas? É claro que sim. Mas podem estar certos de que tem gente preocupada em fazer com que o Brasil continue, cada vez mais, em brasas. Preciso dar nome aos bois? Acho que não! Afinal, a boiada sente falta daqueles que lhes queriam deixar com passagem livre. O confinamento se faz necessário, exatamente para que nossos biomas não virem um grande churrasco de fauna e flora...


* O Eldoradense

16 de ago. de 2024

Comentário: "Alexandre, o grande..."

   


  Mais uma vez o Ministro Alexandre de Moraes é o epicentro de um dos inúmeros terremotos da política brasileira: Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, citado por muitos como veículo informativo chapa branca, situacionista, ou sei lá o que, Alexandre teria, enquanto Ministro do STF e também do TSE, conduzido informalmente investigações contra personagens ligados ao bolsonarismo.

    Sim, Alexandre, o grande, o mesmo que foi nomeado Ministro do STF por Michel Temer, que por sua vez assumiu a presidência depois do impeachment de Dilma Roussef, comemorado aos quatro ventos pelo mesmo grupo vê agora o ministro como inimigo público número um, num patamar mais elevado que o próprio Lula.

  Ao que tudo indica, Alexandre teria mesmo conduzido as investigações fora do rito. Algo fora da curva levando-se em conta os ritos técnico-judiciários, o que pode anular possíveis e futuras condenações políticas.

       Procedimento muito parecido com a condução pra lá de informal do juiz da Sérgio Moro, na condenação de Lula, que tirou o petista da corrida presidencial de 2018 quando o mesmo liderava as pesquisas eleitorais. Coincidência ou não, Moro foi nomeado posteriormente Ministro da Justiça pelo vencedor do pleito, Jair Bolsonaro, talvez numa recompensa pelos serviços prestados.

      Porém, numa nova tentativa de alpinismo político, Moro resolveu ficar no encalço de um dos filhinhos do papai Jair: Arrumou pra cabeça, foi destituído do cargo, apanhando igual "filho do meio", tanto de vermelhos, quanto de amarelos. Ainda assim, elegeu-se senador da República pelo Paraná, mitigando um pouco seus próprios prejuízos.

      Como os atropelos jurídicos foram evidentes naquela ocasião, Lula foi absolvido ou descondenado - o termo parece variar de acordo com o ponto de vista de cada eleitor - mas enfim, com a sua liberdade, transformou-se inevitavelmente em Presidente da República pela terceira vez, vencendo o mesmo Jair Bolsonaro que ele venceria em 2018, se não fosse os atropelos de Sérgio Moro.

      Resumindo: As precipitações jurídicas e informais de Alexandre, o grande, podem livrar alguns vândalos patriotas de uma condenação maior? Sim! Inclusive o vândalo mor, o tresloucado, o inconformado, o mito, o único não reeleito da República brasileira pode ser beneficiado com isso. Benefício este que restringe possivelmente a não condenação criminal, porém, se há esperanças de reversão de sua inelegibilidade, esquece! 

      Impeachment de Alexandre? Também acho pouquíssimo provável. É mais fácil Alexandre adquirir uma vasta cabeleira e se tornar guitarrista de banda de rock do que ser destituído do cargo por conta do barulho patriota. 

            Ainda assim, é fato que se não fosse Alexandre o Ministro do TSE na ocasião do pleito de 2022, Jair teria pintado e bordado nas suas megalomanias em busca da reeleição, e provavelmente teria obtido êxito no seu intento. E Alexandre, com sua coragem, não permitiu intimidações, colocando o "mito" no seu devido lugar...


 * O Eldoradense       


2 de ago. de 2024

Comentário: "Num país de eleições fraudadas"...

      


Num país de processo eleitoral fraudado o jogo já vem viciado antes mesmo de começar, quando adversários são perseguidos da forma mais vil possível. As Forças Armadas passam a defender não uma nação, mas sim, um governo autocrático. A justiça não se preocupa em ser justa, mas serviçal, subserviente e cúmplice do ditador camuflado de líder popular e querido. 

      A liberdade de imprensa é castrada, quando não, corrompida financeiramente. Não é necessário apenas estar alinhado ao chefe, mas ser também capacho, sujeito não apenas à hierarquia, mas também aos desmandos, às ordens absurdas e à sua vontade, plena e absoluta.

   Inflama-se o discurso nacionalista, a soberania ufanista, alimenta-se a fantasia de que quase todo um planeta é contrário a vontade do seu povo, que vai faminto às urnas - eletrônicas e com voto impresso - diga-se de passagem. Barra-se os observadores internacionais, fecham-se as fronteiras, e, após as apurações pra lá de duvidosas, não há o reconhecimento dos Organismos internacionais, sejam eles do continente, ou do globo, como a OEA e a ONU. Os resultados são questionados por vários líderes de outros países, tornando o processo moralmente iletígimo. 

      As eleições foram visivelmente fraudadas na Venezuela e muitos dizem ter acontecido o mesmo no Brsail. Mas fica a pergunta: Em nosso país, fronteiras foram fechadas para a fiscalização dos observadores internacionais? Algum Organismo Internacional deixou de reconhecer a legitimidade do nosso processo eletivo? Algum líder de outra nação, ainda que tenha perfil político-ideológico diferente do vencedor do nosso pleito não reconheceu o resultado? Não.

       O processo eletivo venezuelano foi controverso e farsante. Lula, ao mesmo tempo que exige as atas da auditoria da eleição dos nossos vizinhos, praticamente reconhece a vitória de  Maduro, cometendo um erro gravíssimo, imperdoável.  Nesta situação, não há corda bamba: Seria necessário colocar a democracia venezuelana e mundial acima de amizade, simpatia ou alinhamento ideológico. 

       Porém, contudo e todavia, Lula foi legitimamente eleito e os comparativos das eleições entre as duas nações evidenciam isso: Aqui, observadores internacionais foram bem vindos, e, após o pleito, nenhum líder mundial questionou o resultado, ao contrário do que ocorreu no país vizinho caribenho, infelizmente. Igualar os dois processos eletivos é tosco, infundado e totalmente equivocado, pra não dizer mal intencionado ou desonesto...


* O Eldoradense   

    

22 de jul. de 2024

A eleição presidencial dos Estados Unidos promete!

 




   Faltam pouco mais de três meses para que os Estados Unidos elejam seu próximo presidente da República. Num cenário provavelmente tão polarizado quanto o brasileiro, reviravoltas recentes aconteceram, tornando o pleito ainda mais imprevisível que o de costume. Há pouco mais de uma semana, um jovem atirador resolveu ferir não só a orelha de Donald Trump, quanto também a democracia, num gesto inadmissível, ainda que atentados contra figuras políticas infelizmente tenham ganho espaço recentemente. Porém, é inevitável admitir que o ocorrido pudera angariar capital político ao ex-presidente, que já havia, diga-se de passagem, vencido claramente o primeiro debate diante de um cambaleante e frágil Joe Biden.

    Após o debate, as pressões para que Biden renunciasse a intenção de reeleição aumentaram, mas ele parecia irredutível no seu intuito. Porém, é fato que se o atual presidente fizesse uma sincera autocrítica, chegaria à conclusão que, em nome da competitividade do Partido Democrata, deveria jogar a toalha. E assim o fez, quase que imediatamente ao tiro que possivelmente fortaleceu Trump.

     Antes disso, Biden tinha realizado um gesto tão nobre quanto: Telefonou para o adversário vítima do atentado, e ambos tiveram uma conversa agradável, segundo palavras do próprio Trump. Assim deve ser a democracia, diga-se de passagem.

      A provável candidata do Partido Democrata apta a substituir Biden, é, quase que obviamente, a vice-presidente Kamala Harris. A maior parte das pesquisas recentes apontam que ela, neste momento da corrida, está mais propensa a ser derrotada por Trump do que o próprio Biden, ainda que a diferença percentual não seja expressiva. Há institutos que cravam Kamala ligeiramente a frente, mas são minoria.

     Todavia, é fato que alguns elementos precisam ser levados em consideração: Kamala pode oxigenar a candidatura democrata, até então cabisbaixa, desconfiada e desmotivada em relação a Joe Biden. Tanto é que as doações dos filiados do partido sofreram um "boom" após a desistência oficial da candidatura do atual presidente. Outra variável é: "Quem será o vice na chapa?" A Informação é que os democratas farão uma sondagem estado a estado, e, conforme os resultados, farão o anúncio do nome. Arrisco a dizer que se por um acaso fosse de interesse de Michelle Obama, o jogo viraria imediatamente, levando-se em conta que ela está consideravelmente a frente de Trump nas pesquisas. Outro fator a ser considerado é que o trunfo do dircurso da etariedade muda de lado, pois o candidato republicano tem, neste exato momento, 78 anos.

    A eleição americana é complexa, pois não basta o candidato ter a maioria simples e absoluta dos votos para vencê-la. É preciso angariar um maior número de delegados, correspondentes às vitórias em cada uma das províncias que compõem a federação estadunidense. Em 2016, por exemplo, Trump venceu Hilary com aproximadamente 3 milhões de votos a menos, algo impensável para o nosso modelo eleitoral. Mas enfim, são as regras deles, e regras podem até serem questionadas e aperfeiçoadas, mas nunca violadas.

     Trump é favorito? É, sem dúvida alguma. Invencível? Não. A "bala de prata" pode ter sido disparada, e certamente, não foi por um jovem atirador inconsequente sobre o telhado...


* O Eldoradense

    

 

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