24 de out. de 2022

Comentário: "Equívocos sobre o conceito de democracia"

 



  Cena 1: A mesma se passa em um fórum, numa vara criminal, onde há o julgamento de uma causa, com dois advogados e seus respectivos clientes. É dada a sentença, e obviamente, uma das partes ganha, a outra, perde. O advogado da parte derrotada, revoltado com a decisão, manifesta as seguintes palavras (e perdoem-me por elas estarem inseridas no texto): "Juíza prostituta, arrombada"

  Cena 2: Um sujeito propaga boatos que prejudicam um suposto desafeto, sem apresentar provas. Os boatos se propagam até se tornarem pseudo-verdades, causando um dano moral devastador ao caluniado.

     Em ambos os casos são previstas punições legais, que vão desde multa e prestação de serviços comunitários até à pena privativa de liberdade, dependendo das proporções atingidas. Sim, o Estado democrático de direito não nos dá a prerrogativa de agir e falar tudo o que bem entendermos ao nosso bel prazer. Liberdade de expressão é uma coisa, ofensa, calúnia, injúria e difamação, são coisas totalmente diferentes.

     Numa democracia o indivíduo está também sujeito às obrigatoriedades e regras, e a sociedade não é uma "terra de ninguém", onde cada um faz o que bem entende. Sim, somos obrigados a votar, é o dever da cidadania, assim como os homens que completam dezoito anos são obrigados a fazer o alistamento militar, ainda que não tenham nenhuma vocação às fardas e armas. Não pensem que os gregos (parteiros da democracia) e os estadunidenses não possuem também suas obrigações e deveres. Donald Trump, à beira do xilindró, que o diga.

     As cenas um e dois dos primeiros parágrafos do texto referem-se aos episódios "Roberto Jefferson e Jovem Pan", respectivamente. O primeiro cometeu um desacato inadmissível a uma autoridade judicial, e o segundo, enquanto órgão de imprensa, tornou-se um difusor de fake news de dar inveja às redes sociais. Foram punidos sim, conforme prevê o regime democrático.

      E não me venham com esta falácia de "ditadura de toga". Quem argumenta isso desconhece o conceito de democracia, ou na pior das hipóteses, se faz de desentendido. Ditadura é não ter o direito do voto direto para presidente, por exemplo. Agora, quem quiser ofender e caluniar, fique à vontade: O martelo do juiz dá a sentença e o cadeado do xilindró cumpre...


* O Eldoradense


23 de out. de 2022

Comentário: "Sobre a carta aberta pela democracia e por uma vida melhor"

 




  Foi com muita alegria e satisfação que recebi via whatsapp através do amigo e colega de trabalho Marcelo Aldo a petição para assinar a "Carta pela democracia e por uma vida melhor", subescrita e assinada por autoridades políticas, jurídicas, sindicais e demais  cidadãos de Presidente Venceslau. O conteúdo, em suma, explicita o apreço pelos valores democráticos, por melhores condições de vida aos cidadãos brasileiros e justiça social, enumerando uma série de críticas ao atual governo federal e finalizando a missiva com a manifestação direta do voto em Lula neste segundo turno. Li a mesma posteriormente no Blog do Toninho e me identifiquei, sem ressalvas, com o seu teor.

    A importância da carta vai muito além da intenção de voto, pois a mesma é suprapartidária, tendo como assinantes, por exemplo, os ex-prefeitos e adversários de outrora Osvaldo Melo e Ernane Erbella. Ela mostra, de forma democrática, que, apesar de sermos minoria em uma cidade que votou e vai votar majoritariamente em Jair Bolsonaro, nossa pequeno grupo tem voz e não vai permanecer calado. Mostra que esta minoria não se intimida, que  argumenta suas ideias e convicções sem necessidade de desmerecer quem quer que seja, ainda que pensemos de forma diferente e que muitos tentem nos desqualificar através de comentários depreciativos nas redes sociais sobre nosso posicionamento. Lembremos: Tanto a nossa postura, quanto dos eleitores que votam no adversário, só é possível porque ainda - e graças a Deus - estamos numa democracia.

   Orgulho-me de ter assinado a missiva junto a pessoas que fizeram e fazem parte história política, sindical e também da imprensa venceslauense, independente do resultado eleitoral que se consumará daqui a uma semana. Presidente Venceslau tem todo o direito de ter sua escolha eleitoral, mas é uma cidade de todos, e não apenas de um grupo específico, por mais conservador e abastado que seja este grupo. E é muito bom e gratificante saber que mesmo pensando diferente de uma maioria contundente, não estou só. Só por isso, a carta já se fez valer!


* O Eldoradense

 

11 de out. de 2022

Fotografia: "De branco para a Copa"

 



   A camiseta amarela da seleção brasileira ganhou uma outra conotação, outro simbolismo, que destoa totalmente da minha visão de mundo. É por isso que para a próxima Copa do mundo, vestirei branco, que remete aos primórdios do esquadrão nacional, bem como transmite uma mensagem de paz, necessária para o atual momento.

* O Eldoradense

10 de out. de 2022

Resenha literária: "Altino - Memórias de um repórter"

   E vamos começar a semana com mais uma "resenha literária". O livro de hoje é "Altino - Memórias de um repórter ", escrito por Anne Abe, Camilla Saldanha, Stephanee Melo e Nelise Pinheiro. Confira...


* O Eldoradense


9 de out. de 2022

Crônica: "Álbum de família"

 






"Dezembro vai, janeiro vem...

O tempo passa, veloz como um trem..."

Trecho de "Assim os dias passarão"

Canção de Almir Sater/Renato Teixeira


       Há dias em nossas vidas que são modificados bruscamente por um pequeno gesto ou acontecimento. E ontem, por conta de uma surpresa emocionante, para mim, foi um destes dias...

        Tarde de sábado silencioso, a princípio solitário, como de costume. Cenário de tranquilidade entediante rompido quando o carro do meu irmão chega na casa ao lado, onde mora minha mãe. A algazarra dos meus três sobrinhos e a conversa em família proporciona momentos agradáveis e raros, pois as individualidades fazem com que cada um tenha suas rotinas, seus compromissos. Café da tarde, sorvete e o barulho infantill são o suficiente para que o sábado de ontem se diferenciasse dos demais. Mas a melhor supresa viria depois...

      Assim que acabou a  pequena reunião em família, já no começo da noite, eis que estou dirigindo meu carro e paro para abastecer. No intervalo do abastecimento, olho o aparelho celular e verifico as mensagens de whatsapp. Dentre os memes enviados de outros contatos e "trocentas mensagens falando sobre a política", a mensagem proveniente do meu primo Nélson, me ganha especialmente a atenção...

"Boa tarde, primo. Recebi com muito carinho, e com o mesmo, envio a você. Confesso que me fez chorar, e espero que guarde com muito carinho. Um abraço, e que Deus nos dê forças para seguir..."


      Abaixo à mensagem, havia um anexo com 8 fotos. Olhei a primeira de relance, e na hora, não quis olhar as outras, pois sabia que se assim o fizesse, correria o risco de chorar na frente do frentista ou da moça do caixa do posto. Parei posteriormente o carro numa rua ao lado do bosque, observando foto por foto. Enviei aos outros contatos da família, sendo que muitos também já haviam recebido. Por áudio, e ainda contido, conversei com minha mãe, que também já tinha os registros em mãos. 

    Um filme passou pela cabeça, pois eu me lembro exatamente do dia em que aquela avalanche de fotos foi tirada. Não me lembrava a data, mas meu irmão, através de observação mais apurada, atestou que elas remetiam a janeiro de 1991. Muitas daquelas pessoas que foram fotografadas, infelizmente, não estão mais conosco em vida, mas sei que nos acompanham em um outro plano. Um plano superior ao nosso em todos os sentidos.

      Foi numa visita dos primos de São Paulo, que fizeram questão de registrar o momento e saíram fotografando tudo e todos. O cenário foi a casa humilde da minha saudosa avó, apinhada de gente e que era um verdadeiro "coração de mãe": Sempre cabia mais um. E foi um dia realmente para ficar na história e no álbum de família, pois só Deus sabe o quanto era difícil minha avó se render a lente de uma câmera fotográfica. 

      Mas lá estava ela, pequenina, generosa, olhar sereno, com vestes simples e aparentemente frágil. E só quem a conhecia de fato, sabia a fortaleza implícita que havia naquela senhora. E sim, eu chorei de alegria e saudades ao ver e rever tantas vezes aquelas fotos.

       Agradeço à prima Cida, de São Paulo, que enviou inicialmente as fotos. Agradeço ao Nélson, que me repassou. Sei que outras lágrimas caíram não só em Presidente Venceslau, mas também em São Paulo e Londrina, por exemplo. E é mais ou menos como meu primo disse: É através do exemplo dos antepassados que precisamos arrancar força para seguir nessa vida maluca  que às vezes nos faz desanimar. E agora, nós é que precisamos ser exemplo para os que estão vindo. Essa é a ciranda da vida, e "Assim os dias passarão..."

       

* O Eldoradense



3 de out. de 2022

Comentário: "Resultado das eleições presidenciais no primeiro turno"

 



 Inicio este texto nos primeiros minutos desta segunda-feira. Com quase a totalidade dos votos apurados o ex-presidente Lula venceu o primeiro turno o atual presidente no Jair Bolsonaro por uma diferença aproximada de seis milhões de votos. Num país plural e de dimensões continentais, estamos falando de uma eleição bem equilibrada, caracterizando necessidade se segundo turno, com pouco mais de 48% dos votos válidos. Trata-se de dois fenômenos eleitorais - refiro-me à capacidade de angariar votos e de aglutinar amor e ódio em relação às duas figuras, pois ao meu ver, ambos estão longe, mais muito longe de serem estadistas. São personalistas, autocratas, polêmicos, egocêntricos. Reitero que nenhum deles teve meu voto em primeiro turno, e afirmo que no segundo, votarei naquele que considero mais apto ao cargo: Lula.

    Analisando os números, temos o seguinte quadro: o ex-presidente está supostamente a aproximadamente um ponto e meio percentual do Palácio do Planalto, e o atual presidente, a quase sete da reeleição. Ligeiro favoritismo para Lula, levando-se em consideração os 28 dias que separam um turno do outro. Mas estamos falando de Brasil, onde fatos e factóides cruciais podem acontecer a qualquer momento. 

      Há de se considerar novamente um cenário de polarização extrema pós definição. O eleito, seja quem for, vai ter que dialogar - e muito - com a oposição. De positivo, cito novamente a eficácia da votação e apuração, contestada eternamente por um grupo específico. Os principais institutos de pesquisas acertaram dentro da margem de erro na pontuação de Lula, e erraram a pontuação do seu principal adversário, o que deve gerar contestações justas de Bolsonaro em campanha. Porém, este é o limite da contestação. Quanto às urnas, fizeram o seu papel - no sentido metafórico - já que elas não emitem os obsoletos e desnecessários papeis impressos. 

     A justiça eleitoral brasileira, o processo de votação e apuração dão certo e são exemplo para as principais democracias mundiais, ganhe Lula ou Bolsonaro. É fato também que o temor por cenas de violência expressiva mediante tamanha polarização não se concretizou como supostamente se desenhava, graças à Deus. Ocorreram fatos isolados, como de praxe. Precisamos aprender a conviver com quem pensa de forma contrária, a debater ideias de maduramente, e principalmente, exercer a tolerância. Democracia é isso, por mais polarizado que seja o cenário. Boa semana a todos.


* O Eldoradense  


Comentário: "Faltou diplomacia"

  Anteontem, em Presidente Venceslau, esteve na Câmara Municipal o Ministro do Trabalho e emprego Luiz Marinho.   Acontecimento raro, que de...