20 de mai. de 2025

Comentário: "Quem fala demais..."

 



  A máxima é antiga: "Quem fala demais dá bom dia aos cavalos", é uma frase que serve de lição não só para aqueles que costumam se exceder no disse que me disse, na fofoca, mas também, nos arroubos e bravatas. Vale para que aqueles que assim agem, um alerta para que façam uma autocrítica e coloquem um freio - de preferência ABS - na língua. Há quem diga que palavra dita é igual munição de arma de fogo: uma vez lançada, não tem volta. Acho exagero, haja vista que o arrependimento e um pedido de desculpas - sincero - talvez reparem o equívoco. Já o arrependido por ter atirado, ainda que precedido por desculpas genuínas, não traz de volta o projétil ao revólver.

    Entendam a crítica abaixo voltada à parlamentar, não à pessoa. Farei isso porque conheço muito pouco a pessoa, mas a parlamentar em si, está ganhando certa notoriedade, infelizmente, mais pelas polêmicas do que pelos acertos. E, de verdade, torço para que a mesma reconsidere posturas e evolua em sua legislatura, pois o número de mulheres na política é tão diminuto que temo que os erros por ela cometidos sejam julgados de forma mais contundente pelo simples fato de estarmos numa sociedade machista. Não que não mereça o julgamento, mas é fato que bravatas políticas masculinas parecem ser mais toleradas ou até mesmo, em alguns casos, exaltadas positivamente: A polarização Lula X Bolsonaro é a prova viva disso.

    Na votação do PL que norteia o futuro da Previdência Municipal de Presidente Venceslau, uma vereadora, no intuito de defender ferrenhamente seu ponto de vista - ou talvez o executivo - disse, de forma explícita: "Diferente de alguns que ficam relinchando". Não é preciso dizer que a reação efusiva dos funcionários públicos municipais que encontravam-se na Casa Legislativa - do povo, não dos vereadores - foi emitir uma vaia não menos contundente. 

       Constrangida, a vereadora pediu desculpas e disse que a fala não foi pejorativa - Há algum outro sentido? - mas a partir daí, o que foi dito, dito estava. O tal PL não foi aprovado, cinco vereadores votaram contra, derrotando o executivo no que diz respeito ao aumento da idade mínima para a aposentadoria, mantendo a essência do que diz a Lei Orgânica Municipal.

         Com relação à questão do aumento da alíquota da contribuição  previdenciária em si, entendo que o assunto é complexo: A curto prazo, prejudica diretamente os contribuintes que já teriam seus direitos supostamente garantidos. A longo prazo, talvez seja um remédio amargo e necessário, exatamente para a saúde fiscal do fundo previdenciário e manutenção destes mesmos direitos.

         Custava a argumentação da vereadora ao defender o PL ser nesta linha? Precisava faltar com o decoro e desrespeitar aqueles que já estão se sentindo lesados com a situação que estava se desenhando? Atribuo tais ações e falas à inexperiência. Não é colocar panos quentes, mas se tornar político requer um tipo de inteligência que hoje em dia parece estar em declínio: A inteligência emocional. Não estou dizendo que a vereadora não a tenha, mas há a possibilidade de que a mesma não tenha sido aflorada por falta de experiência, e que possa haver evolução neste sentido.

       O fato é que existiu uma falta de respeito consumada e que muitos que se sentiram ofendidos, certamente anotaram o episódio numa carteirinha íntima. De verdade, por motivos ligados principalmente  à questão da representatividade do gênero feminino na política, torço para que a vereadora aprenda com a lição e execute sua legislatura com mas racionalidade e menos ímpeto. É fato que se continuar dando bom dia aos cavalos, a impopularidade e a rejeição lhe  soarão tão alto quanto o relincho simultâneo de mil equinos selvagens...

   * O Eldoradense

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