Anteontem fiz um texto com o objetivo de desmistificar a falácia de uma possível instalação do comunismo no Brasil. Publiquei o escrito no site "Recanto das letras", neste blog, bem como na minha página da rede social. A repercussão foi bastante positiva, tendo unanimidade em relação ao Brasil capitalista e divergências quanto ao regime econômico da China.
Nas redes sociais, a divergência envolveu o fato de que o Estado chinês ainda intervém efetivamente na economia, e que por isso, o país não poderia ser classificado plenamente como "capitalista". De fato, há diferentes interpretações entre os economistas sobre o assunto, que vão desde o "socialismo de mercado" ao capitalismo propriamente dito. Sob a ótica econômica, ninguém classificou o país como "comunista". Há os que defendem que a economia chinesa adotou um modelo híbrido, inovador, diferente de tudo o que já se viu hoje.
Houve uma discordância no whatsapp, onde foram citadas as censuras e a liberdade limitada dos chineses, e que, por isso, o país seria sim, comunista. Reitero: A análise, como dito em um parágrafo do texto, levou em consideração o prisma econômico, não o político. E aí, a discussão envolve ditadura x democracia, e em nenhum momento foi citado que há democracia na China. Portanto, é uma ditadura capitalista.
Lembremos que nós também vivenciamos em um passado não muito distante uma ditadura, e ainda assim, vigorou o capitalismo no Brasil bipartidarista, censor, torturador e sem eleições diretas para presidente. Portanto, uma coisa é o regime político, outra, o sistema econômico.
Dito isso, e acrescentadas as informações nos mais diversos comentários, eu reitero que a China, ao meu ver, é um país capitalista tanto quanto o Brasil, e abaixo, listo os motivos pelos quais assim considero:
1) Apesar da intervenção estatal, a economia chinesa encontra-se amplamente aberta, com importações e exportações para praticamente todo o mundo;
2) Considero o capitalismo chinês tão selvagem quanto o do Brasil levando em conta principalmente fatores como a exploração da mão de obra assalariada e os desafios que o país enfrenta em relação à questão ambiental;
3) A outra semelhança com o capitalismo brasileiro está na discrepância entre as posições chinesas nos rankings do PIB e do IDH, dois importantes indicadores da riqueza e prosperidade de um país. No primeiro ranking, o país encontra-se na segunda posição, enquanto que no outro ranking aparece em septuagésimo oitavo lugar, revelando que em relação à qualidade de vida dos chineses, ainda há muito o que melhorar. Justiça seja feita, esta é uma característica bem típica dos países emergentes, cujo bolo cresce, mas fatiado em tamanho bastante desiguais.
As projeções, portanto, indicam que em um futuro próximo, com relação ao PIB, os chineses têm grandes chances de alcançarem os norte-americanos, líderes de longa data, até então. Porém, em relação ao IDH, a China está atrás de nações sul-americanas como Chile, Argentina e Uruguai, por exemplo.
Talvez as melhoras no IDH pudessem acontecer mediante um processo de abertura política e implementação do regime democrático, o que, sinceramente, duvido que aconteça a curto e médio prazos.
Finalizando, agradeço as participações no último texto, cujos comentários vieram a acrescentar e fomentar o debate pautado em informações, ocorrendo de forma sadia e respeitosa. Democracia é isso!
* O Eldoradense
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