As primeiras pedras que eu havia cantado sobre Jair Bolsonaro datam de antes de ele ser eleito. Conhecendo o seu passado improdutivo enquanto Deputado Federal, bem como seu discurso idiota, sensacionalista e inflamado, não seria preciso ter o dom da vidência para saber que boa coisa dali não sairia.
E vieram o mandato presidencial pífio, a gestão desastrosa e zomebeteira acerca da pandemia, as ameaças constantes de golpe, os questionamentos sobre o processo eleitoral e as afrontas aos Ministros colegiados do STF.
Com um repertório tosco e motivado por uma minoria barulhenta que propagava fake news querendo tomar o poder à força, o primeiro revés relevante veio nas urnas: Tornou-se o primeiro presidente a não obter êxito ao tentar reeleição, perdendo para Lula, que até 2018, juntamente com o PT, estava enfrentando rejeição monstruosa da população brasileira. Pois é: Bolsonaro não só conseguiu se autodestruir politicamente, como conseguiu a façanha de ressuscitar alguém que parecia totalmente fora do jogo eleitoral presidencial após abosolvição - ou descondenação, chamem como quiserem - pelo STF.
O segundo revés relevante e galopante em progressão contínua, foi a inelegibilidade. Por cinco votos contra, e apenas dois a favor, o ex-presidente atingiu esta condição por abuso do poder econômico durante o pleito de 2022. Gradualmente, o ex-presidente parecia querer ultrapassar os limites legais, desafiando os Ministros do STF, como se ele estivesse acima do bem e do mal.
Mas aí, não contente, veio o fatídico e lamentável episódio do 08/01/23. Depredação, vandalismo, cenas paralelas à invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota do xarope ianque, o tal de Donald Trump. Para deduzir que aquela palhaçada iria resultar em condenação por tentativa de golpe, não precisa ser bacharel em direito: Bastava saber juntar lé com cré, ter dois dentes e não babar.
Na iminência das provas juntadas, da culpa anunciada e no desespero, vieram os pedidos de anistia - até mesmo sem condenação lavrada - e agora, as ameaças vindas dos Estados Unidos, sejam através de sanções econômicas até o delírio de intervenção militar. E o pior: Tem gente adorando isso tudo!
Os parágrafos seguintes dizem respeito ao que é opinião e o que é fato: O sujeito tem todo o direito de venerar Bolsonaro, de colocar poster dele no quarto, de rezar pelo ex-presidente, de visitá-lo na cadeia, de propagar aos quatro ventos que o "mito" foi condenado sem provas. Porém, fatos, são fatos, e decisões ténico judiciárias são fundamentadas, não são pautadas em "achômetro". Luiz Fux, até agora, foi o único que vtou pela absolvição, e ponto, respeito seu voto, ainda que eu discorde. Porém, como eu disse, foi o único que teve esta compreensão, portanto, assim como nas urnas, venceu a maioria colegiada pela condenação.
Foram respeitados todos os trâmites legais e o princípio do contraditório. Pedidos pela anistia virão, novas chantagens também, e sim, há a possibilidade de Bolsonaro ser liberto em breve, afinal, este país geralmente pune de forma severa somente os mais pobres, e dificilmente o repertório será mudado.
Mas sim, Bolsonaro foi condenado como merecia, aliás. No campo dos fatos e das leis, está consumado. No campo das opiniões e interpretações, é direito o cidadão apaixonado ter seu criminoso de estimação, negar de forma veemente os fatos, afinal, numa democracia, há liberdades, inclusive para chorar. No meu caso, que raramente bebo, vou abrir uma cerveja - sem álcool - para brindar. Falta de aviso, não foi!
* O Eldoradense
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