28 de out. de 2020

Comentário: "Por que Pelé é rei?"

  



    No último dia 23 de outubro, Pelé fez 80 anos. Como não poderia ser diferente, a imprensa esportiva dedicou uma série de homenagens ao rei do futebol, o brasileiro mais conhecido do mundo até os dias atuais. O mineiro da cidade de Três Corações conquistou três Copas do Mundo com a seleção brasileira, e com o Santos, dois Mundiais Interclubes, duas Libertadores da América, seis Campeonatos brasileiros, além de dez Campeonatos Paulistas. Parou uma guerra na África, e quando foi expulso num amistoso na Colômbia, a torcida  exigiu que ele voltasse a campo, e pasmem, o juiz foi substituído no meio da partida. Lendário, o camisa 10 merece sim a coroação inequívoca de "Rei do futebol". Reclamem ou discordem alguns, a realeza é dele e ninguém tasca.

     Mas aí vem os seres humanos infalíveis das redes sociais e questionam sua nobreza em campo, justificando as críticas motivados pela imperdoável falha de Pelé em não ter reconhecido sua filha Sandra, falecida aos 42 anos, vítima de câncer. Reitero que o texto não tem como objetivo absolver o rei do futebol por este gesto desumano, mas defender o seu título de rei, que está restrito aos seus feitos dentro dos gramados, e nada mais. Pelé é rei do futebol, não rei do seminário, ou do monastério. É rei do futebol, não é santo. Foi coroado enquanto futebolista, não enquanto ser humano, muito menos canonizado, tal qual Madre Tereza de Calcutá ou São Francisco de Assis.

      Lembremos que todo ídolo é ser humano e passível de falhas, algumas gravíssimas, como a mencionada acima. O "rei do Rock", Elvis Presley, tinha problemas com drogas, e nem por isso, deixou de sê-lo. Maradona não foi rei, mas os argentinos o idolatram enquanto jogador de futebol mesmo sendo ele controverso e ter sido um ex viciado em cocaína. A lista de ídolos imperfeitos, mas geniais em seus ofícios não para por aí: Passa por Renato Russo, Cazuza, Raul Seixas, Paulo Coelho, Sócrates e Casagrande, por exemplo. 

     No caso de Pelé, o açoite das redes sociais talvez seja motivado pelas rivalidades clubísticas, em maior parte. Sempre tem um ou outro torcedor de outro clube querendo questionar sua realeza futebolística, fazendo comparações absurdas e logicamente, usando os argumentos de suas falhas fora dos gramados. Eu vou mais além e incremento tal comportamento utilizando a questão racial: o brasileiro, mesmo que subconscientemente, não aceita de bom grado tamanha importância dada a um homem negro. Se Pelé  fosse branco e tivesse sobrenome italiano, talvez muitos o  chamassem de mito, ainda que tivesse feito apologia à tortura, ao estupro e ameaçado jogar bomba em quartel do exército. Lembremos: Pelé é rei do futebol, e seu reinado está inserido na geografia retangular dos gramados e na história do esporte, nada mais que isso. Enquanto nenhum outro jogador conquistar três Copas do Mundo e fizer mais de mil gols, a coroa ficará sobre sua cabeça e ele permanecerá absoluto sobre o trono, queira ou não os perfeitos e infalíveis. Afinal, aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra... ou cobre o primeiro pênalti!


* O Eldoradense



26 de out. de 2020

Comentário: Distância de São Paulo justifica a nossa pobreza?

 



         A região administrativa de Presidente Prudente é a segunda mais pobre do Estado de São Paulo. Nela estão inseridos 53 municípios, caracterizados pela baixa industrialização e pelo PIB abaixo da média estadual. Há algum tempo discute-se os motivos pelos quais a porção sudoeste da província bandeirante sofre com este problema, e muita gente justifica como principal motivo a distância da mesma com relação aos grandes centros. Particularmente, apesar de achar que este seja um dos motivos, não concordo com a sua relevância no contexto. O principal motivo, ao meu ver, é outro: passa pelo nosso histórico de apropriação indébita das terras, da formação de latifúndios e do êxodo rural.

     Fosse a distância geográfica da capital um determinante, a região do Vale do Ribeira, cuja principal cidade, Registro, distante a apenas 208 quilômetros de São Paulo, não seria a mais pobre do estado. Considera-se ainda que o Vale do Ribeira tem como principal artéria rodoviária a Rodovia Régis Bittencourt, que liga a capital paulista à paranaense. 

        O que aconteceu neste região é que as grandes propriedades de terra engoliram as pequenas, o êxodo rural levou uma população com pouca instrução educacional para as cidades, que por sua vez, não absorveram a mão de obra, e estas pessoas posteriormente migraram para a capital e outros grandes centros. Com menos população, menos representatividade política e mais pobreza. 

       Sabe-se que as grandes propriedades têm como característica a pouca diversidade produtiva, que, de certa forma, no passado, houve aqui na região. Plantios de mamona, algodão, amendoim, alentavam a economia local, mantendo o homem do campo na área rural. Hoje, o binômio pecuária extensiva/cana-de-açúcar não proporciona uma distribuição equilibrada entre as populações urbana e rural. Ele é excludente.

       Atualmente vivemos em um mundo globalizado que aproxima distâncias e encurta tempos de deslocamento. É surreal pensarmos que no passado, com bem menos aparato estrutural, havia por aqui mais indústrias frigoríficas, óleo de soja e derivados do tomate, por exemplo. As pequenas cidades do extremo oeste paulista dependem quase que exclusivamente do funcionalismo público e do setor de comércio. Com pouco dinamismo e criatividade, parecemos aceitar facilmente o "determinismo geográfico" que nos é imposto. Somos pouco mais distantes da capital que o noroeste paulista, que, por sua vez, possui maior dinamismo econômico e representatividade política. 

      Dizer que somos pobres porque estamos "longe demais das capitais" é, ao meu ver, discurso conformista, fatalista, comodista. Há um potencial mercado interno que abrange não só o sudoeste paulista, mas também a porção leste do Mato Grosso do Sul e o norte do Paraná. De resto, é brigar por tributações menores para a nossa região, bem como lutar por melhorias na sua infraestrutura e exigir do governo estadual uma atenção diferenciada para com um dos seus dois filhos mais pobres. Caso contrário, vai ser mais do mesmo...


* O Eldoradense

23 de out. de 2020

Comentário: "Sobre a possível obrigatoriedade da vacinação"

 


  O tema é polêmico e tem causado burburinho em todas as mídias: a obrigatoriedade ou não da vacinação contra a COVID-19. E o que mais surpreende é que a polêmica parece ocorrer mais em torno das divergências políticas do que científicas, o que é inadmissível. De um lado, o governador de São Paulo, João Dória, e de outro, o presidente Jair Bolsonaro. O primeiro defende a compulsoriedade da vacinação, e o segundo, não.

    A opinião que emitirei abaixo é fruto de leitura sobre o assunto, e advirto que não tem cunho político, pois sinceramente, não tenho afinidades ideológicas com nenhum dos protagonistas da chamada "Guerra da Vacina". Deixo claro também que o comentário é baseado em uma condição preliminar: a eficácia comprovada da vacina através de testes, seja lá qual for sua origem pátria.

      Dito isso, e de bate pronto, afirmo: É necessário sim, a compulsoriedade da vacinação. Inclusive, há dispositivos legais para a implementação da mesma na Constituição Federal.

           Os defensores da vacinação facultativa argumentam os direitos de liberdades individuais. Porém, é fato que as liberdades individuais não podem suplantar o interesse público ou coletivo, que no caso, seria aproximar a patologia infecciosa ao máximo da erradicação. Algo parecido com a vacinação da poliomelite, por exemplo. 

        Imaginem um cenário hipotético onde metade da população opte pela vacinação, e a outra, não. Teríamos uma epidemia considerável, que continuaria causando sofrimento à população, sobrecarregando o Sistema de Saúde e prejudicando até mesmo os imunizados, pois estes poderiam sofrer com a falta de leitos  e vagas para atendimentos por outras patologias. Entendem a dinâmica da coisa?

          Cada indivíduo é parte de um sistema e o sistema prevalece sobre ele. Não é porque eu assumo os riscos de andar sozinho de moto sem capacete que eu tenho o direito de fazê-lo. Há uma lei que me obriga a me proteger!

           Por fim, quando o presidente Jair Bolsonaro prega a facultatividade da vacinação, ele não o faz apenas por suas convicções tolas: é algo estratégico. Pensem comigo: Implementa-se a vacinação obrigatória, mas elas não existem em número suficiente para atender a demanda. Obviamente, isso causaria um caos e desmoralizaria o Governo Federal. Portanto, é mais conveniente optar pela facultatividade da vacinação, ludibriar a população e fazer com que ela corra riscos desnecessários através de argumentos carregados de "boas intenções".

          A outra ideia equivocada é a de que autoridades policiais e sanitárias fiscalizarão a população, que teoricamente sofreria punições severas e imediatas diante da omissão. Não. A obrigatoriedade se dá de forma sutil, através da inclusão ou não em programas sociais, viagens interestaduais e ou internacionais, ou até mesmo em posse de cargo público mediante a apresentação da carteira de vacinação em dia. Simples assim.

         A discussão lembra, em muito, o perrengue que o maior sanitarista deste país  - Oswaldo Cruz - sofreu ao querer implementar a vacinação obrigatória contra a varíola, em 1904. A diferença é que, 116 anos depois, deveríamos estar mais conscientes e informados. Deveríamos...


* O Eldoradense     

22 de out. de 2020

Comentário: "A importância do programa ESF e dos seus trabalhadores"

 


  

   Há algum tempo venho  utilizando os serviços públicos municipais de saúde, em especial os serviços prestados pelo Programa ESF - Estratégia Saúde da Família - cuja importância no atendimento ambulatorial é de suma relevância para a comunidade. O programa caracteriza-se pelos "postinhos" distribuídos geograficamente e estrategicamente pelos bairros das cidades, e os seus profissionais, via de regra, habitam nestes respectivos bairros e adjacências. Isso permite um atendimento de maior proximidade aos pacientes, tornando-o mais singular e humanizado. Há de se considerar também a importância destes atendimentos ambulatoriais em caráter preventivo, evitando a sobrecarga desnecessária em hospitais que tem por característica o atendimento emergencial - pronto-socorros.

      Sobre o atendimento que tenho recebido, só tenho a agradecer pela presteza, educação e atenção dispensados pelos profissionais que integram o programa. Os serviços não dispõem de luxo e conforto, mas são funcionais, dignos e eficazes. Talvez esbarrem na demora para a execução dos encaminhamentos para exames e médicos de especialidades, mais isso já foge da alçada destes profissionais, e esbarram nas limitações impostas pelo SUS.

      Mas também existem outras limitações das quais estes profissionais estão sujeitos, limitações estas que poderiam nortear as campanhas eletivas, se os candidatos ao executivo pudessem ouvir as demandas destes profissionais de saúde, tão pressionados neste momento delicado de pandemia.

       Em conversa informal com um destes profissionais, ouvi várias demandas e reivindicações. A classe parece carecer de maior atenção e carinho dos gestores públicos, e em especial, queixa-se por exemplo, da ausência de reajuste salarial há dois anos, sendo que o que houve recentemente, foi apenas um pequeno reajuste no valor do vale-alimentação. A se considerar a lei de corte de gastos impostas pela união, novo reajuste só poderá ocorrer a partir do final do ano que vem. O vale-alimentação, por sua vez, só pode ser recebido se o profissional não ter gozado de férias, licença-prêmio, ou maternidade, por exemplo. Ora, para quem já sofre com a falta de reajustes, não seria razoável manter o seu recebimento mesmo nestas condições?

       A outra queixa diz respeito à diminuição do valor percentual da insalubridade, que teve um decréscimo de 5% para a categoria da enfermagem. Algo impensável, mediante os riscos que estes profissionais enfrentam.

       Reclamam também da falta de um canal aberto e democrático da classe com relação à respectiva secretaria e ao executivo, o que torna difícil externar demandas e reivindicações. Pelo que percebi, há ausência de um plano de carreira verticalizado e que preze pela meritocracia, sendo que as nomeações pontuais parecem basear-se em critérios subjetivos, o que logicamente, gera insatisfação e desmotivação.

 

          Enfim, em ano de eleições municipais, todo candidato tem na saúde, uma de suas bandeiras. Se é assim, não custa ouvir o que os profissionais desta área tem a dizer, já que são eles os principais agentes na execução dos serviços prestado à comunidade e aos pacientes. Fica o registro.


* O Eldoradense    

17 de out. de 2020

Quase contratação de Robinho pelo Santos: Gol contra anulado com ajuda do VAR

 




    Há alguns dias, o Santos vinha anunciando a repatriação do ídolo Robinho, atacante que fez história no clube e que ajudou a agremiação a acabar com um jejum de títulos que durou dezoito anos, em 2002. Teria tudo para ser mais um retorno digno de recepção da torcida, festejos e confetes, não fosse por um motivo: Robinho é condenado em primeira instância na Itália por estupro coletivo, sendo que a decisão está passível de recurso, enquanto ele aguarda em liberdade.

    A notícia teve má repercussão e não poderia ser diferente. Ela afronta todos os valores éticos e morais de uma sociedade que clama por igualdade entre os gêneros, além da luta contra a violência à mulher. Ainda que a condenação em última instância não tenha ocorrido, a possibilidade de Robinho ser culpado mancha a contratação e a imagem do clube.

     Diga-se de passagem o Santos F. C. possui um histórico de causas humanitárias, que vão desde a interrupção temporária de uma guerra na África na era Pelé, a luta contra o racismo e a recente campanha de alerta ao tema da violência contra as mulheres. Mantém um time feminino que é o atual segundo colocado na  temporada 2020 do Campeonato Brasileiro. As chamadas "Sereias da vila" são orgulho para os torcedores santistas. Seria uma incoerência mediante todo este contexto o clube repatriar um jogador - ainda que ídolo - acusado por ter cometido um crime tão grave. 

      Para piorar a situação, vazou conversa em áudio com amigos de que Robinho alega ser vítima da TV Globo, tal qual o presidente Bolsonaro, e se fizesse um gol, o dedicaria ao presidente da República. A emissora "demoníaca" - segundo palavras do próprio atacante - estaria o perseguindo. Enfim, parece estar na moda transferir culpas à imprensa. 

        Mas, justiça seja feita, o Santos voltou atrás da decisão equivocada. Mediante ameaças de rompimento de patrocinadores, o clube percebeu que o erro pesaria no bolso e nos cofres: suspendeu temporariamente a contratação, mesmo que por motivação predominantemente financeira. Santista que sou, prefiro assim, pois o clube tem responsabilidades que vão além das quatro linhas do gramado: Fábrica de craques em suas categorias de base, o Santos precisa ser, além de tudo, exemplo aos seus jovens jogadores. 

         A contratação de Robinho não soaria muito diferente da uma possível volta ex-goleiro do Flamengo, Bruno, ao futebol. Seria um gol contra do Santos, que felizmente, foi anulado após revisão de condutas. Foi como uma espécie de gol contra invalidado após consulta ao VAR...

* O Eldoradense

14 de out. de 2020

Pensamentos do Eldoradense: "Críse"

 



    A palavra crise não tem acentuação gráfica. Mas ao se tratar da "críse atual", deveria ter: Pois trata-se de uma crise acentuada! Acento agudo já basta, pois não se justifica crase na crise...

* O Eldoradense

9 de out. de 2020

Comentário: "Candidatos/eleitores - Comparativo entre Prudente e Venceslau"

     Só para que se tenha uma ideia do quão alto é o número de candidatos a prefeito em Presidente Venceslau...


     Presidente Prudente tem 178309 eleitores e 12 candidatos ao executivo. Média de 14859 eleitores para cada candidato...


   Presidente Venceslau, por sua vez, possui 29.142 eleitores e 8 candidatos a prefeito, o que faz uma média aproximada de 3642 eleitores para cada candidato!


* O Eldoradense

4 de out. de 2020

Livro: "Presidente Venceslau, nossa terra, nossa gente"

 



    Uma cidade que nasceu às margens da Ferrovia Sorocabana, que tinha o objetivo de impulsionar a exploração dos sertões paulistas, já desbravados pelos bandeirantes. A figura controversa um dos seus principais fundadores, assassinado por um desafeto. A rivalidade sadia entre os dois patrimônios geograficamente situados de lados opostos à ferrovia, bem como a história da formação espacial e social de Presidente Venceslau. Seus atores sociais, a luta do seu povo,  a infraestrutura sendo conquistada pouco a pouco, os símbolos municipais, as memórias, os registros mais relevantes.

     Tudo isso é encontrado na obra literária "Presidente Venceslau, nossa terra, nossa gente" de autoria do ex-prefeito venceslauense Inocêncio Erbella. Um livro que deve fazer os mais antigos moradores de nosso município relembrar histórias, bem como proporcionar conhecimento e alimentar a imaginação dos mais jovens quanto ao processo de formação da nossa terra.

          Uma pesquisa minuciosa, um verdadeiro "Raio X" muito bem elaborado de informações sobre o que fomos e o que somos enquanto sociedade. Recomendado aos que tem curiosidade e sede de conhecimento sobre o passado e o presente da "Sentinela avançada da Alta Sorocabana". Realmente, um presente literário do autor aos seus leitores, um livro digno de reconhecimento, que deveria fazer parte da biblioteca particular cada venceslauense amante das letras...


* O Eldoradense

          

2 de out. de 2020

Alfinetada: "The End"

     Enquanto estiver em cartaz "O massacre da serra elétrica..."



  ... Será cada vez mais difícil e raro ver as pessoas "Cantando na chuva"...


* O Eldoradense

Comentário: "Faltou diplomacia"

  Anteontem, em Presidente Venceslau, esteve na Câmara Municipal o Ministro do Trabalho e emprego Luiz Marinho.   Acontecimento raro, que de...