O ano era distante: 2022! Sim, três anos na era contemporânea da internet, equivalem a trinta na era analógica. Brincadeiras cronológicas à parte, é fato que, desde 1994, as eleições presidenciais no Brasil coincidem com a Copa do Mundo e tem gente que mistura, sem qualquer pudor, bola com urna, chuteira com sapato lustrado, torcida com militância.
E, há três anos, aquela que foi a eleição presidencial mais acirrada da nossa história, antecedeu a Copa do Catar. Polarização, extremismo, ânimos acirrados. A Copa do Mundo e a seleção brasileira, cuja simbiose sempre teve protagonismo no nosso inconsciente coletivo, ficou em um plano inferior, coadjuvante, figurante, talvez.
Houve gente que disse que não torceria pela seleção. Outros, para evitar usar o tradicional uniforme amarelo, optaram por modelos alternativos. Confesso: Eu fui um deles! Optei pela camiseta branca, porque tudo o que eu queria, naquele momento, era passar uma imagem de patriotismo pacífico, sereno, racional, contrastando com o radicalismo amarelo. Teve amigo meu que disse, em tom de brincadeira, que seria capaz de encomendar um modelo vermelho, mas eu disse que seria uma heresia...
Pois bem! O ano agora é 2025: Um site inglês cravou que, para a Copa do Mundo do ano que vem, o uniforme reserva da seleção brasileira será vermelho, da cor do pau Brasil. Mas esta não seria a justificativa para a mudança estabelecida pela empresa fabricante do uniformes, mas sim, transmitir uma imagem cromática vibrante, apaixonante, jovial. A tradicional camiseta reserva azul - e muito bonita, por sinal - ficaria para escanteio. Absurdo!
Serei objetivo e sucinto na minha opinião: Posicionamentos políticos à parte, reforço a tese da heresia, do rompimento com qualquer bom senso, da quase ofensa. É uma mudança desrespeitosa com tudo o que o futebol brasileiro conquistou ao longo da sua história, ao seu legado, à sua tradição. Digo isso exatamente porque não misturo chuteiras com sapatos, bola com urna, torcida com militância.
Mas há os que, certamente, fazem o sincretismo político-futebolístico. Dentro deste grupo, há os que jogam na ponta esquerda e os que jogam na ponta direita. Para o primeiro grupo, a camiseta vermelha será um deleite, uma ruptura cromática revolucionária, oportuna. Para os que jogam na ponta direita, uma ofensa, talvez mais um daqueles gestos arquitetados pela Nova Ordem Mundial, cujo objetivo é disseminar o comunismo.
Ao meu ver, a mudança é ofensiva, sim, brusca e sem discernimento. Porém, ela é fruto do capitalismo selvagem, do mercantilismo a qualquer custo, pois a empresa que implementará a mudança é braço de uma das maiores marcas esportivas do mundo. Não tem nada de socialismo/comunismo nesta verdadeira presepada!
Finalizo dizendo que se a seleção brasileira está amarelando em campo, não será a mudança rubra da camiseta reserva que reforçará os laços da paixão dos torcedores pelo time. Time ruim com camiseta vermelha, sem qualquer identidade, só remeterá a um outro sentimento, análogo a cor escarlate: Vergonha ao quadrado!
* O Eldoradense
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