5 de fev. de 2025

Comentário: "Primeiros movimentos de Trump"



   Não há como ficar alheio aos primeiros movimentos do segundo mandato do presidente da nação mais poderosa do planeta: Promessa do maior programa de deportações de imigrantes da história estadunidense, protecionismo econômico, suposta anexação territorial da Groenlândia, retomada do controle sobre o Canal do Panamá, ocupação da Faixa de Gaza e expulsão dos palestinos....

    Enfim, a agenda é vasta e controversa. Do campo de vista das deportações, elas são legítimas, mas ao meu ver, desumanas, e eu explico o porquê: Antes que alguém cite o número de deportações exercido na era Biden, é preciso dizer que o presidente anterior previa o direito de defesa e busca por legalização junto à justiça de imigração. Sob Trump elas acontecerão de forma imediata, sem qualquer direito de defesa e respeito ao princípio do contraditório.

    Há de se levar em conta também as possíveis consequências na falta de mão de obra imigrante para a economia americana. Trabalhos de menor complexidade, como por exemplo, os serviços braçais e de menor remunerabilidade são rejeitados pelos estadunidenses e absorvidos por esta massa populacional imigrante. Na ausência destes, quem irá exercê-los? Das duas uma: Ou Trump pretende fazer uma pressão inicial para justificar um compromisso xenófobo de campanha, ou, de fato, ele está alheio a estas consequências previstas por economistas e analistas sobre tema.

  Tais deportações também causam, no mínimo, um "desconforto diplomático" em relação a vários países, muitos deles situados na América Latina, região que sempre sofreu muita influência econômica dos Estados Unidos. Junte este ingrediente às possíveis tarifações sobre produtos oriundos destes países mais o desejo de Trump retomar o controle do canal do Panamá e temos a receita perfeita para que a China ganhe de vez a simpatia latino-americana, aumentando mais sua penetração neste mercado emergente.

     As transações econômicas entre as nações latino americanas e os chineses aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, sendo o Oceano Pacífico o principal elo entre eles. Como se não bastasse, há a nítida pretensão da construção da chamada "ferrovia transoceânica", ligando o Atlântico ao Pacífico, numa parceria entre Brasil, Peru e China, criando uma alternativa de rota econômica da América do Sul com a Ásia, que hoje é feita, em grande parte, pelo Canal do Panamá, que Trump quer retomar, diga-se de passagem. Como pretende fazer isso? Espero que seja através de negociações, e não por intervenções bélicas.

   Até mesmo com os vizinhos da América do Norte Trump conseguiu despertar polêmicas: As taxações sobre produtos mexicanos e canadenses vão na contramão do bloco econômico chamado atualmente de USMCA, (antigo NAFTA).

    Sobre o suposto plano anexação do território da Groenlândia, cujo objetivo é obviamente as possíveis riquezas minerais daquele lugar, o mesmo já causou polêmica nas relações com os dinamarqueses, que já alertaram, num passado recente: "A Groenlândia não está à venda" 

     Há ainda a intromissão sobre aquele que talvez seja o mais duradouro conflito étnico da história mundial: O árabe-israelense. Trump disse que fará uma "limpeza" naquele lugar, utilizando-se de uma metáfora infeliz e xenófoba, como palestinos fossem "sujeira". Mais recentemente, deu a entender que a intervenção será contundente e bélica, e que os "Palestinos que busquem outros países". Tal postura foi contestada até mesmo pelo bloco do Euro, aliado histórico dos Estados Unidos.

     Não sei qual será o desenrolar de tudo isso, mas é fato, que, no campo de vista econômico, o mundo está globalizado e tenho dúvidas que protecionismos nacionalistas gerem mais resultados positivos que a integração mundial das transações. Se as taxações passarem a se tornar recíprocas, ainda que os Estados Unidos sejam a nação mais poderosa do mundo, isso, de fato, os beneficiarão? 

    Ultranacionalismos, são, ao meu ver, algo demodê, ultrapassado e contraditório num mundo cada vez mais global. Tão ultrapassado quanto aquele gesto de Elon Musk fez na posse de Trump, saudação esta que ele insiste em dizer que era em alusão ao "Império Romano"...


* O Eldoradense


 


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