“IDH e comportamento ético”
Não sei se o amigo leitor teve a curiosidade
de assistir o programa televisivo “Globo Repórter” da última sexta-feira, que
falava sobre o vizinho Uruguai. Tenho certeza de que quem viu a reportagem, fez
um exercício de reflexão sobre como o Brasil poderia ser melhor se nossos
políticos se preocupassem mais com o bem coletivo do que com o aumento dos seus
respectivos patrimônios particulares.
Ainda que a matéria exibida se mostrasse um
tanto quanto superficial e merecesse mais tempo e aprofundamento, deu para
perceber o quanto dinheiro bem aplicado e administrado pode ser convertido em
serviços públicos de qualidade e bem estar para a população. Viu-se que no país
vizinho o tema educação é tratado com a seriedade que merece, que os idosos
daquele país podem se considerar privilegiados, pois os mesmos envelhecem em
uma das quarenta melhores nações do mundo para se aposentar. Pois é: Os
uruguaios, que formam uma população de pouco mais de 3,5 milhões de habitantes
e dispõem de pequena extensão territorial para realizar suas atividades
econômicas, encontram-se na 51ª posição no ranking mundial de IDH, (Índice de Desenvolvimento
Humano). Enquanto isso, o Brasil, com uma população infinitamente superior, com
atividades econômicas diversificadas, e ainda dispondo de terras e recursos
hídricos abundantes, ocupa a pífia 85ª posição do mesmo ranking.
Para os que não sabem, o IDH é um índice
avaliado pela ONU que leva em conta aspectos relevantes para a qualidade de
vida de um povo: escolaridade, longevidade, renda e acesso à saúde, por
exemplo. E aí, amigo leitor, se nos compararmos a alguns outros países da pobre
América do Sul, vemos que pagamos um preço caríssimo pela nossa cultura de
individualismo, oportunismo e corrupção. Não estamos atrás somente dos
uruguaios, mas também dos chilenos (40º) e argentinos (45º). Vergonhoso? Sim,
mas o quadro ainda é um pouquinho pior: Venezuela (71º) e Peru (77º), também
nos veem pelo retrovisor nesta “corrida internacional da qualidade de vida”.
Sabendo-se que o Brasil oscila entre a sexta
e a sétima posição no ranking da economia mundial, e confrontando tal
informação com nosso péssimo desempenho no ranking do IDH, percebemos o quanto
nossas riquezas são ainda mal distribuídas. A causa de toda esta discrepância?
Eu tenho uma conclusão: Enquanto aqui no Brasil, o Renan Calheiros usa o avião
da FAB para PASSEAR com sua trupe, o presidente uruguaio José Mujica utiliza um
veículo “Corsa” para uso oficial. Mas quando os deslocamentos são de natureza
particular, Mujica usa seu simpático fusquinha azul, em respeito ao seu povo.
Nada mais didático e ilustrativo para entender nossa vergonhosa posição no
ranking do IDH...
* O Eldoradense
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