11 de jul. de 2013

Texto crítico: "IDH e comportamento ético"



“IDH e comportamento ético”

  Não sei se o amigo leitor teve a curiosidade de assistir o programa televisivo “Globo Repórter” da última sexta-feira, que falava sobre o vizinho Uruguai. Tenho certeza de que quem viu a reportagem, fez um exercício de reflexão sobre como o Brasil poderia ser melhor se nossos políticos se preocupassem mais com o bem coletivo do que com o aumento dos seus respectivos patrimônios particulares.

  Ainda que a matéria exibida se mostrasse um tanto quanto superficial e merecesse mais tempo e aprofundamento, deu para perceber o quanto dinheiro bem aplicado e administrado pode ser convertido em serviços públicos de qualidade e bem estar para a população. Viu-se que no país vizinho o tema educação é tratado com a seriedade que merece, que os idosos daquele país podem se considerar privilegiados, pois os mesmos envelhecem em uma das quarenta melhores nações do mundo para se aposentar. Pois é: Os uruguaios, que formam uma população de pouco mais de 3,5 milhões de habitantes e dispõem de pequena extensão territorial para realizar suas atividades econômicas, encontram-se na 51ª posição no ranking mundial de IDH, (Índice de Desenvolvimento Humano). Enquanto isso, o Brasil, com uma população infinitamente superior, com atividades econômicas diversificadas, e ainda dispondo de terras e recursos hídricos abundantes, ocupa a pífia 85ª posição do mesmo ranking.

   Para os que não sabem, o IDH é um índice avaliado pela ONU que leva em conta aspectos relevantes para a qualidade de vida de um povo: escolaridade, longevidade, renda e acesso à saúde, por exemplo. E aí, amigo leitor, se nos compararmos a alguns outros países da pobre América do Sul, vemos que pagamos um preço caríssimo pela nossa cultura de individualismo, oportunismo e corrupção. Não estamos atrás somente dos uruguaios, mas também dos chilenos (40º) e argentinos (45º). Vergonhoso? Sim, mas o quadro ainda é um pouquinho pior: Venezuela (71º) e Peru (77º), também nos veem pelo retrovisor nesta “corrida internacional da qualidade de vida”.

  Sabendo-se que o Brasil oscila entre a sexta e a sétima posição no ranking da economia mundial, e confrontando tal informação com nosso péssimo desempenho no ranking do IDH, percebemos o quanto nossas riquezas são ainda mal distribuídas. A causa de toda esta discrepância? Eu tenho uma conclusão: Enquanto aqui no Brasil, o Renan Calheiros usa o avião da FAB para PASSEAR com sua trupe, o presidente uruguaio José Mujica utiliza um veículo “Corsa” para uso oficial. Mas quando os deslocamentos são de natureza particular, Mujica usa seu simpático fusquinha azul, em respeito ao seu povo. Nada mais didático e ilustrativo para entender nossa vergonhosa posição no ranking do IDH...



* O Eldoradense

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