“Folclore,
medos e causos”
Quem nunca ouviu uma história intrigante sobre assombrações, lendas ou
personagens do rico folclore brasileiro contada por um antepassado? Quem nunca
se deliciou com uma narrativa descrita com riqueza de detalhes e com uma
convicção tamanha que fazia acreditar que tudo aquilo era uma realidade
fantasiosa ou uma fantasia real? Se alguém que lê este texto não teve
oportunidade de ser ouvinte de um “causo” desta natureza, afirmo: não sabe o
que perdeu!
Em um país com uma cultura popular tão rica e em que até metade do
século passado possuía uma população predominantemente agrária, elementos
propícios para a proliferação de causos envolvendo personagens assombrosos não
faltavam: o ambiente rural, a falta de energia elétrica, o pouco grau de
escolaridade das pessoas, bem como o hábito de conversar nas noites
silenciosas, alimentavam as especulações sobre a existência de lobisomens,
sacis, curupiras, mulas-sem-cabeça e tantos outros personagens folclóricos e
fictícios.
É, eu sei, tudo isso hoje parece ser uma grandiosa bobagem. Mas era
muito gostoso ouvir tais histórias contadas pelos mais velhos e depois dormir
amedrontado, só com os olhos para fora do cobertor, arrepiando-se com o barulho
de um gato inoportuno sobre o telhado ou com o cantar de uma coruja agourenta.
Era legal saber que nossos antepassados ingênuos tinham seus medos abstratos
aumentados durante os quarenta dias do ano que correspondiam à “Quaresma”. Medo
caipira, medo matuto, que no máximo assustava, mas que na prática, não fazia
mal a ninguém.
Já ouvi algumas histórias bacanas: desde matilhas que corriam à noite
pelas estradas de terra até luzes brancas noturnas, que rompiam misteriosamente
a escuridão das pastagens, como se fosse um flash disparado do além. Já me
contaram sobre pessoas que ouviam choro de recém- nascido onde não havia bebê
algum, como também um relato sobre pedras que flutuavam, saídas das paredes de
barro de uma casa situada no pé da Serra do Cariri, no Ceará.
Enfim, houve uma época em que pessoas muitas vezes não alfabetizadas
verbalizavam histórias de forma tão marcante que parecíamos visualizar o
cenário dos causos em nossas mentes, como quem assiste a um filme de suspense
sutil e de autêntica origem cabocla. E você, conhece algum causo deste tipo?
Conta aí, vai!
* O Eldoradense
Oi... na minha época de criança a minha avó contava a lenda da mula-sem-cabeça bem na hora da gente ir dormir, imagina se o sono era tranquilo, rsrsrs... Abraços!!!
ResponderExcluirha ha que bacana
Excluir