"Chove chuva"
Em uma das suas principais obras musicais,
Jorge Benjor disse sabiamente que morava em um país tropical, abençoado por
Deus e bonito por natureza, sendo que ele não estava errado. O problema é que o
país citado pelo cantor teve o seu histórico de crescimento urbano desenfreado
e espontâneo, realizado sem qualquer planejamento. E mesmo com tantas bênçãos
divinas, nossa população, em todo início de ano, sofre com as chuvas de verão,
que “chovem sem parar”, parafraseando novamente Benjor.
Mesmo o cidadão menos atento pode reparar
que assim que terminam os festejos de final de ano, (às vezes, pouco antes
disso); o noticiário já começa a propagar as manchetes de deslizamentos,
enchentes e outros acontecimentos desastrosos ocasionados não somente pelas
chuvas, mas principalmente pelas ocupações humanas inadequadas e pela frequente
omissão dos nossos governantes na busca de ações preventivas para minimizar
tais problemas.
Os fatos repetem-se há muito tempo e parecem
inseridos em nosso calendário, assim como o réveillon e o carnaval. E é surreal
que ainda nos surpreendamos ou admiremos tal contexto, pois, sinceramente, já
deveríamos estar cientes da nossa própria incompetência em lidar com a
situação. E o cenário catastrófico não atinge somente as metrópoles, mas também
as cidades de médio e pequeno porte. Tanto que as fotos de ruas destruídas,
casas inundadas e pontes em ruínas novamente estão presentes nos veículos de imprensa
da região, tanto na mídia impressa, quanto na mídia eletrônica. Infelizmente é
preciso dizer que ainda é só o começo, pois nossas chuvas de verão costumam
incidir até o terceiro mês do ano, como bem lembrava Tom Jobim, em “Águas de
março”.
Agora raciocinemos: E se não fôssemos
"abençoados por Deus", (como disse Benjor); e de repente, tivéssemos
que lidar com catástrofes ainda piores, como terremotos, por exemplo? Com
certeza, chegaríamos à conclusão de que o "O Haiti é aqui", e
concordaríamos, também, com o Caetano Veloso.
* O Eldoradense
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