22 de jan. de 2013

Texto crítico: "Chove chuva"





 "Chove chuva"

  Em uma das suas principais obras musicais, Jorge Benjor disse sabiamente que morava em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, sendo que ele não estava errado. O problema é que o país citado pelo cantor teve o seu histórico de crescimento urbano desenfreado e espontâneo, realizado sem qualquer planejamento. E mesmo com tantas bênçãos divinas, nossa população, em todo início de ano, sofre com as chuvas de verão, que “chovem sem parar”, parafraseando novamente Benjor.

   Mesmo o cidadão menos atento pode reparar que assim que terminam os festejos de final de ano, (às vezes, pouco antes disso); o noticiário já começa a propagar as manchetes de deslizamentos, enchentes e outros acontecimentos desastrosos ocasionados não somente pelas chuvas, mas principalmente pelas ocupações humanas inadequadas e pela frequente omissão dos nossos governantes na busca de ações preventivas para minimizar tais problemas.

   Os fatos repetem-se há muito tempo e parecem inseridos em nosso calendário, assim como o réveillon e o carnaval. E é surreal que ainda nos surpreendamos ou admiremos tal contexto, pois, sinceramente, já deveríamos estar cientes da nossa própria incompetência em lidar com a situação. E o cenário catastrófico não atinge somente as metrópoles, mas também as cidades de médio e pequeno porte. Tanto que as fotos de ruas destruídas, casas inundadas e pontes em ruínas novamente estão presentes nos veículos de imprensa da região, tanto na mídia impressa, quanto na mídia eletrônica. Infelizmente é preciso dizer que ainda é só o começo, pois nossas chuvas de verão costumam incidir até o terceiro mês do ano, como bem lembrava Tom Jobim, em “Águas de março”.

  Agora raciocinemos: E se não fôssemos "abençoados por Deus", (como disse Benjor); e de repente, tivéssemos que lidar com catástrofes ainda piores, como terremotos, por exemplo? Com certeza, chegaríamos à conclusão de que o "O Haiti é aqui", e concordaríamos, também, com o Caetano Veloso.


                              * O Eldoradense

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