Há um evento que vem acontecendo em Presidente Venceslau faz algum tempo, e com uma proposta interessante: Noites dançantes que remetem à década de 80, uma das mais prósperas, ao meu ver, musicalmente falando, tanto em nível nacional, quanto internacional. A experiência pode ser objetiva, apenas mais um baile para os frequentadores assíduos, e para os mais esporádicos, pode ter uma característica peculiar, extrassensorial, como se ondas sônicas musicais tragassem o indivíduo para um túnel do tempo numa direção retrógrada no melhor sentido da palavra: o do resgate momentâneo de uma parte da vida, cheio de sonhos e de vitalidade, com um sabor adocicado de nostalgia.
Particularmente, sou do tipo de frequentador raríssimo. Desde 1999, não pisava os pés no salão do Venceslau Clube, quando na ocasião, comprei um ingresso para o baile dos atiradores do Tiro de Guerra, pois meu irmão, na época, serviu a Pátria amada, ainda que todo mundo cobre sua luz.
Adentrei o ambiente, o túnel retrô do tempo escurecido, com sua névoa especial, ondas sônicas contagiantes orquestradas por um DJ com vários anos de estrada musical e conhecimento de causa: o radialista Mivaldo Rodrigues.
Cheguei sem muitas expectativas, confesso. Não pelo baile em si, mas por ser um cara comedido, introspectivo. Mas, no balanço das horas, tudo pode mudar: Um drink, que pode ser uma caipirinha ou cuba libre, tendo, na vitrola, "whisky à go go". Sim, é bom beber uns tragos para ser tragado de forma mais eficiente pelo túnel do tempo!
E toca Dire Straits, Pink Floyd, Engenheiros, Raul. Eu, que sem beber um pouco, ficaria na mesa apenas curtindo as músicas, danço com a minha namorada tendo a desenvoltura de um boneco de maracatu, movido pela caipirinha alucinógena.
Busquei depois, uma lata de cerveja e encontrei um amigo de longa data. Dou-lhe um abraço e vejo posteriormente que está com a esposa. Casal que eu vi dando os primeiros passos no relacionamento há décadas, nas antigas brincadeiras dançantes do Venceslau Clube do centro de Presidente Venceslau. Algo bonito de se ver, mostrando que se o público não foi expressivo numericamente falando, foi familiar, sadio, respeitoso, com o intuito único e objetivo de reviver momentos inesquecíveis.
É, a experiência extrassensorial foi nostálgica, hipnótica, única. Fui embora com a sensação de quem tivesse sintonizado um radinho de pilha e posteriormente, dormido numa sonífera ilha, descansando os olhos, sossegado a boca e preenchido por uma luz revigorante.
Parabéns ao DJ Mivaldo Rodrigues pela qualidade da seleção musical e pela condução da viagem no túnel sônico do tempo. Iniciemos a semana voltando à realidade da era da internet, com suas músicas comerciais, empobrecidas na letra e na melodia. Mas é bom saber que de vez em quando, dá para encontrar, lá no fundo do baú, um bilhete de viagem de volta ao passado. O destino? Um paraíso musical que só quem vivenciou e ouviu sabe o quanto foi bom...
* O Eldoradense
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