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Há doze anos, foi com muita alegria que vi, através da excelente correspondente jornalística da TV Globo na Itália, Ilze Scamparini, o anúncio de que Jorge Bergoglio, ex arcebispo de Buenos Aires, havia sido escolhido Papa, o Sumo Pontífice do Vaticano e da Igreja Católica. Dizer que, naquela ocasião, eu conhecia algo de sua biografia, seria mentira. A alegria que senti foi pelo fato de um sul-americano ter assumido a mais alta patente do catolicismo, historicamente ocupada por sacerdotes europeus.
Bergoglio assumiu após a renúncia do alemão Hatzenger, fato raríssimo na história da Igreja Católica. Dito isso, foi com muita tristeza que hoje de manhã, ao sair do trabalho e ligar o rádio do carro numa das emissoras locais, ouvi o locutor - e xará - Luiz Fernando anunciar a morte de Bergoglio, o eterno Papa Francisco.
O argentino da ordem jesuíta adotou este nome por ter como inspiração São Francisco de Assis, padroeiro da Itália e defensor dos mais pobres. E foi esta a toada do seu pontificado: A defesa dos mais humildes, dos oprimidos, a autocrítica declarada aos erros históricos cometidos pela Igreja Católica, incluindo pedidos de desculpas aos povos originários do continente americano, bem como a defesa do meio ambiente, e, no âmago conservador do catolicismo, encampar algumas reformulações no Vaticano.
Com seu semblante sereno, nunca poupou críticas aos líderes mundiais que as merecessem, sendo taxado equivocadamente pelos conservadores de todo o mundo de "comunista". Não era, longe disso. Criticou sim, as desigualdades gritantes do capitalismo mundial, mas, tal qual São Francisco de Assis e Jesus Cristo, lutou por maior igualdade entre os filhos de Deus, e isso passa muito longe de qualquer flerte com o comunismo. Em um devaneio inflamado, o atual presidente argentino, Javier Milei, disse que Francisco era um "representante maligno na Terra", "imbecil", e "difusor do comunismo". Tempos depois, Francisco, num exercício ímpar de perdão e humildade, recebeu Milei no Vaticano, que pediu desculpas, aceitas pela Vossa Santidade.
Francisco visitou o Brasil em duas oportunidades: Uma, enquanto arcebispo de Buenos Aires, e outra, já nomeado Papa. Com seu humor singelo, chegou a dizer, brincando: "O Papa é argentino e Deus é brasileiro!"
Findou-se a vida terrena daquele que considero um dos maiores Papas da Igreja Católica e um ser humano digno da Santidade concedida pelo Vaticano. Carismático, sábio e amado, Francisco voltou para os braços do Pai com a certeza da missão eclesiástica cumprida da melhor forma, dedicando-se a ela até seus últimos dias. Uma perda irreparável, não só entre os católicos, mas uma perda para a humanidade, uma perda ecumênica, uma perda global. Um dia após à Páscoa, é certa a sua ressurreição e certamente está guardado o seu merecido lugar no aprazível Reino de Deus, onde desfrutará da vida eterna, segundo as nossas próprias crenças Cristãs.
* O Eldoradense
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