19 de abr. de 2012

"O bom e velho gibi como instrumento de estímulo à leitura"



"Gibis"

   Sempre vejo as pessoas dizerem que é preciso fomentar o hábito pela leitura entre os jovens, e essa é uma verdade, logicamente. O problema é que essa não é uma tarefa tão fácil quanto antigamente, já que a juventude atual possui uma gama enorme de atividades de entretenimento, como assistir televisão, jogar games, navegar na internet e acesso a tantos cacarecos eletrônicos interessantes, viciantes e sedutores. É preciso criatividade para estimular essa molecada a ler.
   E uma das alternativas que eu acredito ainda ser eficiente para que se alcance tal objetivo, é a disseminação do uso do bom e velho gibi. Isso mesmo, aquela revistinha em quadrinhos cheia de gravuras e diálogos curtos em balões, que tanto sofre com o preconceito literário, exatamente pela baixa complexidade de sua linguagem . Eu sempre fui contrário à resistência que alguns profissionais conservadores de educação possuem com relação às revistinhas em quadrinhos, sendo que os mesmos alegam que os gibis podem estimular a leitura errada e preguiçosa. Na boa, quando eu era moleque li um monte de aventuras do Chico Bento e do Cebolinha e nem por isso saí falando com sotaque caipira exagerado ou trocando o “r” pelo “l”. Tanto é, que o Maurício de Souza é um ícone do segmento, tendo feito parte da infância de muitos trintões e balzaquianas razoavelmente articulados dos dias atuais.
   As cartilhas de iniciação literária possuem um importante papel no aprendizado, porém, no subconsciente infantil, as mesmas estão ligadas exclusivamente à escola e às tarefas de casa. Já os gibis possuem uma característica mais voltada ao lazer, fazendo com que as crianças aprendam brincando; (ou brinquem aprendendo, dependendo do ponto de vista). Além disso, as revistas em quadrinhos estimulam o gosto pelas artes, já que muitos dos seus jovens leitores começam a desenhar e a pintar, motivados pelas gravuras coloridas em seus conteúdos, usando geralmente o método da sobreposição. Com o passar dos anos, logicamente, deve ser feito o trabalho de estímulo à leitura de romances, jornais e livros, de forma gradual. Mas tenham certeza: para quem cresceu encarando a leitura como uma forma de distração e lazer, esse processo acontece de forma quase natural, pois tal atividade, para esses jovens, dificilmente será vista como um fardo ou tarefa entediante.
   Acredito que as Secretarias de Educação e Cultura de todo o país, deveriam, além de disseminar o número de bibliotecas, também dar maior ênfase a proliferação de “gibitecas”, exatamente com o intuito de tornar de fato, as revistas em quadrinhos um precioso complemento na missão de estimular a leitura entre nossas crianças.

  Obs. Essa pode ser uma opinião tendenciosa de quem leu gibis durante toda a infância, adolescência e até início da vida adulta, mas que atribui o gosto pela leitura e pela escrita, em boa parte, ao acesso às revistas em quadrinhos. 

                                          * O Eldoradense

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