3 de out. de 2013

Texto: "Vozes e equívocos"





“Vozes e equívocos"

  As impressões digitais são únicas de cada ser humano, como se fossem uma carteira de identidade emitida pelo Criador, com a diferença que não é possível falsificá-la. Porém, existe outra característica também peculiar de cada indivíduo, não tão específica quanto as impressões digitais, mas que compõe um traço pessoal bem marcante: a voz.

  Há vozes inconfundíveis, daquelas que ao serem ouvidas, torna inevitável ligar o nome à pessoa: Frank Sinatra é um exemplo emblemático. Há também vozes ocultas, de sujeitos que falam e nunca aparecem, aguçando a curiosidade dos ouvintes: é o caso do falecido Lombardi, que trabalhou tantos anos anunciando produtos e serviços no programa Sílvio Santos.

  Mas as vozes também pregam peças, confundem e podem provocar erros. Não por culpa delas, mas sim pela nossa, que muitas vezes tiramos conclusões sobre outras pessoas baseando-se simplesmente na voz alheia. Faça um exercício e prove o que digo: imagine se você não soubesse quem são Anderson Silva e Nélson Ned. Continue imaginando agora, os dois discutindo em um lugar fechado, longe dos seus olhos e ouvindo apenas a voz de cada um. Em caso de ambos partirem para as vias de fato, e baseando-se apenas nas vozes, qualquer pessoa concluirá que o cantor nanico dará uma verdadeira “sova” no lutador de MMA, quando na realidade, Anderson Silva tem plenas condições de trucidar Nelson Ned, dando-lhe uma surra daquelas que não sobre nem o DNA do oponente. Tudo isso porque Anderson Silva tem voz de menininha manhosa e Nelson Ned, de trovão. Perdoem-me pelo exemplo hipotético e violento, mas os senhores hão de concordar: é um exemplo didático.

  Tem gente que supõe que uma pessoa possa ser privilegiada pela beleza ou não ouvindo somente a voz. É quase que inevitável pensarmos que as mulheres que falam nos aparelhos de GPS, nos serviços de telemarketing, nos aeroportos e até nos hospitais são verdadeiras divas, de tão sensuais que são suas respectivas vozes, o que pode ser um equívoco, em alguns casos.

  Outra prova de indução ao erro promovido pela voz é o provérbio que diz que “A voz do povo é a voz de Deus”. Nada a ver. Se assim fosse, não teríamos tantos políticos incompetentes, atrapalhados e corruptos eleitos exatamente através do clamor das maiorias. Definitivamente, a voz do povo não é a voz de Deus! Que provérbio mais pretensioso...


* O Eldoradense



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...