“Palavrões”
O convívio social entre os indivíduos requer
comunicação, e isso é inevitável. Durante o cotidiano, as pessoas conversam
entre família, com os vizinhos, trabalham, fazem transações comerciais, enfim,
comunicam-se. É aconselhável que a cordialidade e o respeito se façam presentes
nestas relações, exatamente para que nelas a harmonia seja predominante. E
nestes contextos, saudações, palavras bem colocadas, conversas agradáveis e
agradecimentos não são apenas bem vindos: são necessários.
Mas existem ambientes e ocasiões, que vez ou
outra, um tipo de vocábulo chocante e discriminado por muitos pode sair de
forma surpreendente até das bocas mais puritanas: o palavrão. Falar um
palavrão, ao meu entender, em determinadas situações, não é sinônimo de má
educação. O baixo calão pode ser empregado até mesmo para extravasar um momento
de tensão, e neste caso específico, é possível até que faça bem para a saúde.
Imagine-se martelando um prego, e de repente, acertando o próprio dedo, com
força. É preciso ser muito educado, ou ter paciência de monge budista para não
verbalizar um palavrão tão intenso quanto a pancada sofrida.
Outro contexto que serve como um “culto ao
baixo calão” são as peladas e os jogos de futebol. Uma pessoa que solta um
palavrão jogando futebol ou mesmo assistindo uma partida, não necessariamente
propagará palavras chulas em ambientes ou situações mais formais. Envolto pela emoção
e pelo calor de uma peleja futebolística, o sujeito vai de Papa Francisco a
Capitão Nascimento em poucos segundos.
Não escrevi este breve texto com o objetivo
de fazer uma “apologia ao palavrão”, muito pelo contrário. Apenas acho que
existem situações e ocasiões em que ele é admissível. Seja contando piadas
entre adultos, extravasando dores e tensões, ou até mesmo durante a prática
esportiva, é fato que os palavrões já ganharam uma espécie de “licença poética”
para fluírem com naturalidade, sem maiores preconceitos, julgamentos ou
retaliações. Enfim, assim como nos dizeres dos rótulos das bebidas alcoólicas,
creio que o baixo calão deva ser apreciado com moderação. E aquele que nunca
disse um palavrão sequer durante a vida, que atire a primeira pedra...
* O Eldoradense
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