No vídeo acima, Luis Suárez evita o gol de Gana, cometendo pênalti, e salvando o Uruguai
Nesse outro, Luiz Suárez lamentavelmente não cumprimenta o francês Evra
"Mãos heroínas, mãos vilãs"
Gostaria, sinceramente, que quem abrisse hoje o blog, visse os dois vídeos acima, na íntegra, pois assim ficaria mais fácil compreender este texto de forma mais clara. O primeiro vídeo diz respeito à partida válida pelas quartas-de-finais da Copa de 2010, na África do Sul, envolvendo as seleções de Uruguai e Gana, o jogo mais emocionante do evento. Nos acréscimos, em uma jogada ofensiva do time africano, após um cabeceio que fatalmente acarretaria gol, o jogador uruguaio Luiz Suárez, instintivamente coloca a mão na bola, evitando o tento que certamente eliminaria sua nação da Copa. Seguindo a regra, o juiz da partida expulsou o infrator, além de marcar a penalidade máxima. Porém, o jogador da seleção de Gana, não acertou a cobrança, mandou a bola no travessão e a partida seguiu empatada, determinando prorrogação e pênaltis, sendo que os uruguaios sagraram-se vencedores, (4x2); e prosseguindo no torneio. A atitude de Luis Suárez, portanto, apesar de ter sido antidesportista, foi também considerada heróica, haja vista que ele salvou sua equipe de uma eliminação, e a regra, não deixou de ser cumprida.
Pouco menos de dois anos depois, Luis Suárez e suas mãos protagonizaram outro episódio, porém, dessa vez, vergonhoso, que o transformaram em vilão. Aos que não sabem, Luis Suárez é jogador do Liverpool, da Inglaterra, e desentendeu-se com o jogador francês Evra, do Manchester United, outro clube inglês, em partida válida pelo primeiro turno do campeonato local. Suárez teria proferido palavras racistas ao francês, e por esse motivo, cumpriu oito jogos de suspensão. O reencontro aconteceu na partida válida pelo segundo turno, e as expectativas estavam voltadas para o cumprimento entre os jogadores, que antecede o jogo. Luis Suárez passou batido por Evra, não cumprimentando-o, sendo que o francês, puxou o braço do uruguaio, externando sua indignação. Outros jogadores do Manchester também indignaram-se com a atitude de Suárez. Logicamente, depois de todos esses ingredientes, a partida seguiu tensa, sendo que o Manchester de Evra venceu o Liverpool de Suárez por 2x1.
Analisando os dois contextos, Suárez envolveu suas mãos em ambas as vezes, em atitudes vergonhosas, uma antidesportista, e outra, racista. Porém, na primeira houve o cumprimento da regra, seguido pela perda do pênalti pelo jogador africano, e o consequente triunfo uruguaio. Suárez e suas mãos, então, foram enaltecidos e tornaram-se mártires. No segundo episódio, não teve jeito: o uruguaio, mesmo tendo tendo cumprido suspensão por racismo, fez questão de não reparar o próprio erro, deixando cumprimentar Evra. A atitude foi condenada pela imprensa esportiva mundial, lamentada até pelos dirigentes do Manchester, clube de Suárez. Posteriormente, o uruguaio desculpou-se publicamente, sabe-se lá se arrependido, de fato, ou pressionado pelos mandatários do seu clube.
Incrível como um herói que usou as mãos de forma instintiva em defesa de sua seleção, transformou-se em vilão, exatamente pela ausência de um gesto nobre, com as mesmas mãos. Lamentável, vergonhoso.
* O Eldoradense
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