14 de nov. de 2024

Comentário: "O tio França foi uma vítima"

 



  Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, e no intuito de talvez se tornar um mártir patriota às vésperas do feriado da Proclamação da República, explodiu-se, tal qual homem bomba do Oriente Médio.

    Deixo claro aqui que lamento profundamente o fato. Mas venho dizendo há tempos que existe uma seita fundamentalista de natureza político-religiosa que precisa ser combatida aos rigores da lei, respeitando, é claro, o princípio do contraditório, mas que não pode ser subestimada ou negligenciada. 

    Se traçarmos uma régua cronológica bem resumida, enumeramos os passos desta escalada rumo ao caos em alguns episódios pré e pós eleitorais, que alternaram elementos dignos de revolta, sarcásmo, e agora, sinceramente, piedade.

      Cito, primeiramente, Carla Zambelli e a loucura de sair correndo armada atrás de um cidadão que a provocou. Posteriormente, o acesso de fúria de Roberto Jefferson contra a Polícia Federal. Pessoas públicas que utilizaram-se de violência explícita para sei lá qual objetivo. Veio o pleito e a vitória legítima de Lula nas urnas, contestada por uma minoria barulhenta, e claro, expressiva. Fecharam rodovias, prometeram o caos, impediram o direito de ir e vir das pessoas, queriam fechar o país por conta de um resultado eleitoral, quando, num passado pandêmico não muito distante, defendiam a economia a qualquer custo. Não surtiu efeito desejado. Passado algum tempo e não satisfeitos, depredaram os prédios públicos da Capital Federal, com objetivos ainda a serem esclarecidos pelos processos investigativos, enquanto o "mártir" estava curtindo a ressaca da própria derrota em solo norte-americano. 

     Em manifestações mais cômicas do que trágicas, pediram intervenção militar, e não atendidos, passaram a desrespeitar as Forças Armadas, outrora ídolos, agora, "melancias". Telefonaram para alienígenas, cantaram hino nacional para pneus, abraçaram a boleia do caminhão em rituais surreais de tão ridículos. 

      Enfim, existem os loucos e os incentivadores da loucura. Pais de família foram presos no 8 de janeiro, e infelizmente, mediante condutas bárbaras e levianas, deveriam ir mesmo para a cadeia. Estão pagando o pato, foram manipulados, lamento pelo desfecho, mas justiça é justiça. Cabe agora lutar juridicamente por diminuição das penas ou anistia. Sinceramente, acredito no êxito da primeira possibilidade, da segunda, duvido muito!

    Em âmbito local, há quem tivesse organizado boicote econômico aos que pensavam diferente, num gesto covarde, tirano e semifascista. Desfizeram amizades, romperam laços familiares, misturaram diferenças políticas com pessoais. Tudo em nome desta seita com sincretismo político-religioso pra lá de questionável.

          Ocorreram, neste decorrer de tempo, assassinatos pela mesma motivação. O ápice, que até ontem eu duvidaria que acontecesse, seria o suicídio psicótico de alguém em claro desequilíbrio emocional, cuja vida parecia ser movida exclusivamente pelo fanatismo político.

            Pois é, infelizmente, aconteceu! Tal qual terrorista do Oriente Médio, um senhor, que provavelmente deveria ter problemas em suas faculdades mentais, atentou contra a própria vida, influenciado por discursos negacionistas, inflamados e violentos. Deve ter feito chorar - creio eu - seus familiares. Está sendo alvo de chacota, o que também penso ser de uma insensibilidade tamanha, pois, enfim, morreu um ser humano.

          Tio França, segundo sua ex-exposa, falava em assassinar Alexandre de Moraes. Mandou mensagens para si mesmo anunciando seus planos, e diziam que em sua perturbação mental, trazia consigo o alter ego do vilão "Coringa". É muita loucura, é impensável, digno de pena. 

        Fica o apelo para que esta polarização não ganhe contornos ainda mais insanos, que voltemos a uma racionalidade mínima, de ambos os lados. O que falta acontecer, uma guerra civil? É fato que mediante o trágico e macabro acontecimento de ontem, a possibilidade de anistia fica cada vez mais distante...


* O Eldoradense

Resenha literária: "As mentiras que os homens contam", de Luis Fernando Veríssimo

   E a resenha literária de hoje é sobre o livro "As mentiras que os homens contam", de Luis Fernando Veríssimo. Confiram!



* O Eldoradense

8 de nov. de 2024

Voa comigo: Ponte Mário Covas

  No fim do mês passado, o "Voa comigo" fez mais um sobrevoo no Rio Paraná, desta vez, na ponte Mário Covas, na divisa entre SP/MS, entre Paulicéia e Brasilândia... Confira!



* O Eldoradense

7 de nov. de 2024

Vídeos curiosos: Mais um teste com o DJI Neo no Facebike

      Curtindo muito o novo drone DJI Neo, ideal para quem quer fazer filmagens em modo rastreio para as práticas esportivas. E hoje foi dia de fazer mais uma experiência para o Facebike...

* O Eldoradense

Comentário: "Sobre a vitória de Trump"

 



    Trump está de volta à Casa Branca e sua vitória foi inquestionável, levando-se em consideração não só apenas o número de votos, mas também, o número de delegados eleitos por cada estado e o êxito republicano nas casas legislativas (Câmara e senado). A pauta conservadora, bem como o discurso anti-imigração e as políticas econômicas que deram o tom de sua campanha parecem ter ido ao encontro aos anseios da população norte-americana, que confiaram o segundo mandato ao republicano, o que é democrático e legítimo, diga-se de passagem.

  As expectativas econômicas gerais giram em torno da volatilidade das moedas estrangeiras ante o dólar, já que políticas protecionistas via de regra estão na contra mão do mercado globalizado. Quando à geopolítica internacional, temos duas guerras impactantes em curso, e os ucranianos sinalizaram desânimo, pois Trump é próximo a Putin e já havia adiantando que diminuiria o apoio norte americiano aos adversários dos russos, caso saísse vitorioso do pleito. Sobre o segundo conflito, ainda que a comunidade árabe dos Estados Unidos estivesse insatisfeita com Biden, creio que em relação ao confronto árabe-israelense, a situação mude: Imagino que haverá apoio norte-americano mais contundente à nação judaica comandada por Netanyahu. E ainda analisando o contexto global, a pauta ambiental enfrentará um retrocesso, já que Trump nunca adotou um discurso que explicitasse simpatia à causa.

     E quanto ao Brasil? Há uma expecativa política de pressão norte-americada sobre o judiciário nacional para que futuramente sejam revistas sentenças proferidas em desfavor a um determinado grupo político: não creio que aconteça, e caso ocorra, a revisão será independente de influência ianque. A influência norte-americana, ao meu ver, se dará mais no campo econômico que político, e isso será relatado no parágrafo abaixo.

       Imagino que se de fato Trump adotar uma linha econômica protecionista, a nossa moeda tende a se desvalorizar diante do dólar, fato. O Google ontem anunciou o dólar numa cotação maior que R$ 6,00, todavia, a informação estava equivocada, e foi posteriormente corrigida pelo navegador. Porém, creio que a volatilidade do real depende mais da redução de gastos do governo Lula e da necessidade de um ajuste fiscal do que necessariamente de Donald Trump. Tanto é que a cotação do dólar fechou em baixa ontem, a R$ 5,67, diante da possibilidade de recuo na postura do governo federal em negar o referido ajuste. É importante que o atual governo se atente a isso, caso contrário, a desvalorização da moeda possa vir a bater os impressionantes R$ 5,90 do governo anterior, esquecidos pelos fiscais patriotas do câmbio. E só para constar, a cotação a R$ 5,67 já está bem desfavorável, as conveniências políticas não me fazem negar fatos concretos.

     Quanto às relações bilaterais de comércio, há a possibilidade de serem afetadas ante ao protecionismo anunciado de Trump, mas creio que, na prática, a redução será mínima. Independente de diferenças políticas do campo ideológico, os Estados Unidos sempre mantiveram parceria relevante no campo comercial com o Brasil, até mesmo pela  grandeza das duas economias. O fluxo de importação/exportação seguirá intenso, o que é primordial para as duas nações. 

        Fica mais uma vez o incansável registro de que as urnas respeitaram a vontade do eleitorado e que tal qual aqui, aquela invasão ao Capitólio ocorrida após a vitória de Biden foi vandalismo fanático e inconformado. Trump ganhou em 2016, perdeu em 2020 e tornou a ganhar agora. Cai por terra, mais uma vez, a balela idiota do discurso das fraudes nas apurações.

    

* O Eldoradense

1 de nov. de 2024

Estreando novo drone: DJI NEO!

      E agora foi a vez de estrear o novo DJI NEO, adequado para trekkings e voos indoor. Na sequência, uma performance de bike, e a outra, dentro de casa. Confiram!



* O Eldoradense

31 de out. de 2024

Conto: "Ado, o Saci!"

        



         Obs: Este é um conto fictício de conteúdo adulto em alusão ao "dia do Saci". Seu roteiro envolve violência explícita, portanto, não é adequado para a leitura de crianças e adolescentes, embora muitas crianças e adolescentes deste país sofram com a violência na vida real.


    Ado nasceu na Favela do Mato Seco, naquela cidade que tem os braços abertos num cartão postal, com os punhos fechados pra vida real. Recebeu este nome porque o pai era fã de um dos goleiros da seleção brasileira na Copa de 70, no México. Desde os 10 anos, o menino mostrava habilidade para o futebol, porém, com os pés, não com as mãos, como o referido goleiro homenageado.

    Mesmo adolescente, tinha a altivez de um craque, e sem exagero, lembrava o rei Pelé, não só pelo biotipo, mas também pelos seus dribles desconcertantes e inúmeros gols. Na várzea carioca, todo mundo dizia que o menino superaria Zico, Dinamite e Garrincha. De fato, tinha tudo para ser um cracaço do Fluminense, time para o qual torcia.

      Mas, de fato, a cidade com os punhos fechados para a vida real cobraria seu preço: Ado passou a se tornar sensação e exemplo na comunidade, fazendo com que vários meninos deixassem de querer ser soldado do tráfico para almejarem o sonho da riqueza através do futebol.  Onde estava Ado, uma legião de meninos sonhadores também estava, lotando o campo da várzea da favela, renegando vícios e ficando cada vez mais longe da marginalidade. Ado ganhava seguidores e adeptos, e o tráfico, por sua vez, perdia mão de obra infanto juvenil, tão essencial para sua logística operacional.

     Num fim de tarde como tantos outros, Ado voltava para seu barraco quando foi abordado por dois sentinelas do crime. Levado até o chefe da boca, não teve tempo nem de se defender: Levou vários tiros na perna esquerda, a mais hábil, a que traria tantas alegrias para a torcida brasileira. 

      Socorrido demoradamente num hospital público, perdeu o membro inferior canhoto. Pensou em denunciar seus algozes, mas tinha medo de retaliações futuras. Ado agora não era mais chamado pelo nome: Por ser um jovem de corpo atlético, negro e com uma das pernas amputadas, foi "batizado" maldosamente pelos bandidos da comunidade por "Saci". O apelido doía na alma, feria a dignidade, mas ficou impregnado em sua persona.

    O campo de várzea já não tinha mais tantos jovens futebolistas. Virou mais um ponto de marginalidade, cujo esporte ficou renegado a um segundo, terceiro plano, talvez.

      Ado, o Saci, usou sua tragédia pessoal como motivação para não cair em depressão, mas prometeu vingança! Dois anos se passaram, a família não tinha condições de adquirir uma prótese, mas Ado adaptou-se, porém, fingindo estar conformado ao longo do tempo.

   Certa vez, numa roda de samba num botequim movimentado da comunidade, deparou-se com seu algoz. Usando uma boina vermelha e fumando um cachimbo, retirou um 38 da pochete e, sem titubear, mandou o traficante para o quinto dos infernos. Antes de qualquer reação, saiu pulando com sua única perna até uma viatura da polícia, que estava ali para averiguar a denúncia sobre um homicídio que aconteceria em breve naquele local.

 Ado se entregou e confessou ser o autor do disparo e também do telefonema anônimo.  Ado, o Saci, enfim estava saciado!

      De futuro craque do Fluminense, Ado foi para Bangu. Não o clube, mas sim, o presídio. Converteu-se, fez curso bíblico e tem um potencial invejável para pastorear ovelhas em Madureira. Não no clube, mas no bairro carioca...


* O Eldoradense


Comentário: "O tio França foi uma vítima"

    Ontem à noite, em Brasília, aconteceu o que penso ser o ápice do delírio Bolsonarista: Um homem trouxe explosivos em seu próprio corpo, ...